sábado, setembro 20, 2014

Hong Kong: paisagem opressiva ou arte minimalista?

Hong Kong, 1100 quilómetros quadrados, sete milhões de habitantes. Os 6588 arranha céus perdem-se de vista e dominam a paisagem. O fotógrafo alemão Michael Wolf capturou esta paisagem opressiva e mostra-a até à exaustão. Diz-nos o seu curriculum que é fã de mega-cidades. Nasceu em Munique, na Alemanha, cresceu no Canadá, Europa e Estados Unidos, estudou na universidade em Berkeley (Califórnia, EUA) e com Otto Steinert (fotógrafo alemão, 1915-1978), em Essen, na Alemanha. Nos caminhos que trilhou, Michael Wolf especializou-se, em 2001, em arquitetura e metrópoles. Escolhe temas e trabalha-os até à exaustão, como uma sinfonia minimalista. A série "Arquitecture of Density" ["Arquitetura da Densidade"] mostra as fachadas dos arranha-céus de Hong Kong e estes monstros de betão, que imaginamos cheios de gente, parecem construções de Lego. Ou quadros. Noutro trabalho - "Tokyo Compression" ["Tóquio comprimida"] - retrata as pessoas. Mais uma vez insistindo num tema até parecer não haver mais nada de novo para fotografar, Wolf mostra-nos os rostos que se amontoam nos transportes públicos. Homens e mulheres, um por foto, uma foto superlotada. Falta-nos (também) o ar. Ainda em Hong Kong, cidade onde vive desde 1994, o alemão dedica-se a temas surpreendentes. Como às peças de roupa perdidas (voam do estendal?) Às pessoas que moram em "100X100" pés (30 m2), quartos que são casas, salas e cozinha e casa de banho (seria mais certo chamar-lhes celas). Parece que em tantas fotos aquele território de 1100 quilómetros quadrados, 6480 habitantes por cada um deles, se torna ainda mais pequeno (DN de Lisboa)