Segundo o jornalista do Correio da Manhã Miguel Alexandre Ganhão, "é um "enorme" aumento de impostos, tal como o definiu Vítor Gaspar. Mais de 1,7 milhões de famílias (num universo de dois milhões que pagam IRS) vão ver a sua carga fiscal substancialmente agravada em 2013. Quem tiver rendimentos mensais brutos acima dos 2928 euros (cerca de 41 mil euros por ano, se multiplicarmos por 14 meses) vai passar de uma taxa média de 28,5% para uma taxa média de 37,6%, a que é necessário somar mais 4% da sobretaxa (que será retida todos os meses na fonte, mas que não poderá ultrapassar os 45% do rendimento mensal do trabalhador ou pensionista) e mais 11% de descontos para a Segurança Social. Em termos líquidos, uma família que tenha um rendimento de 2928 euros, levará para casa pouco mais de 1450 euros. Os novos cinco escalões de IRS começam logo a castigar quem ganha cerca de 1000 euros brutos por mês. Até agora, aqueles rendimentos pagavam uma taxa média de 12,3%. A partir do dia 1 de Janeiro, aquele salário será tributado a uma taxa média de 23,6%, a que vai acrescer a sobretaxa de 4%. É menos um salário ao fim do ano. Mas é nas famílias com rendimentos anuais brutos acima dos 40 mil euros que a "progressividade" do imposto se vai fazer sentir em força. Um rendimento mensal bruto de 3500 euros (49 mil euros/ano) vai pagar mais 4400 euros de IRS ao fim do ano, o que significa mais de um salário perdido. Para os trabalhadores independentes do regime simplificado (recibos verdes), o aumento da carga fiscal será da ordem dos 10%, já que o rendimento sujeito a IRS passa dos 70 para os 80%. Os reformados com pensões até 1800 euros vão sofrer um corte de 3,5%, e aqueles que tiverem reformas até 3750 euros podem ter um corte até 10%. Para os que ganham pensões acima daquele valor, haverá uma taxa adicional de 15% até aos 5030 euros e de 40% para o montante que vá até aos 7545 euros por mês.
IGREJA RECUSA PAGAR IMI
A Igreja Católica não aceita que os templos e os edifícios destinados à formação e à pastoral paguem Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). O CM sabe que Vítor Gaspar tentou acabar com essas isenções, mas esbarrou na Concordata, acordo em que Igreja não quer voltar a mexer."A Concordata é um tratado internacional que tem de ser cumprido", disse ao CM o padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa. Também o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, disse ontem, na apresentação da Semana Social (marcada para 22 a 25 de Novembro no Porto), que "não faz sentido taxar locais de culto ou onde se dá catequese". O presidente da Pastoral Social deixou críticas aos "continuados" aumentos de impostos, referindo que não sabe até quando os portugueses conseguirão resistir. "Por vezes, interrogo-me se serão capazes de aguentar muito mais e durante muito mais tempo", disse o arcebispo primaz de Braga"