quarta-feira, outubro 10, 2012

Grupo madeirense (Estevão Neves) passa a ser o terceiro maior accionista do BCP

Escrevem os jornalistas do Publico, Cristina Ferreira e Luís Villalobos que a "Caixa Geral de Depósitos deixou de estar na lista dos accionistas de referência do BCP após a operação de aumento de capital. O maior banco privado português, o BCP, ganhou, com o aumento de capital, dois novos accionistas de referência: o luso angolano InterOceânico e o madeirense Grupo Estêvão Neves, da indústria hoteleira. Este último saltou directamente para a terceira posição na lista dos maiores accionistas da instituição. A capitalização do banco liderado por Nuno Amado resultou ainda nos desinvestimentos da CGD e da construtora Teixeira Duarte. A Sonangol, Joe Berardo e a EDP mantiveram intactas as suas posições accionistas. Já se sabia que o BCP concluiu com sucesso, a semana passada, o aumento de capital de 500 milhões de euros. E ontem, ao final da tarde, foram divulgadas, através de comunicado emitido por Nuno Amado, as alterações nas participações qualificadas, com uma surpresa e duas confirmações: o grupo madeirense José Estêvão Neves surgiu como novo accionista de referência, com a terceira posição (3,21%); a InterOceânico, liderada pelo banqueiro angolano Carlos da Silva, que é administrador não executivo do BCP, passa a accionista com posição qualificada (2,94%); a CGD desapareceu da lista dos grandes investidores. A intenção de colocar a InterOceânico entre os grandes investidores do BCP já tinha sido manifestada por Carlos da Silva (presidente do angolano BPA), que é, para além do advogado Daniel Proença de Carvalho, de Francisco Pinto Balsemão, de Rui Nabeiro e de Hipólito Pires, também accionista da holding. Do mesmo modo o embaixador António Monteiro, que preside ao Conselho Geral e de Supervisão (CGS) do BCP, detém acções da Inter Oceânico. No seu comunicado, o BCP revelou outro dado que já era esperado: a CGD deixou de estar representada no lote dos accionistas de referência da instituição. O banco liderado por José Matos reduziu a posição de 2,99%, que tinha em Julho de 2012, para 1,172% (abaixo de 2% os investidores não são obrigados a dar explicações à CMVM). A decisão de alienar as acções do BCP, surge em linha com as novas orientações que o Ministério das Finanças tem dado à CGD, no sentido de concentrar a estratégia na actividade core, mas também de obtenção de liquidez para poder emprestar à economia real. Aliás, note-se, que a presença da CGD no BCP tem sido motivo de polémica. Por dois motivos: o BCP e a CGD concorrem entre si no mercado; os investimentos do grupo estatal no maior banco privado português aceleraram no contexto da luta de poder pelo seu controlo, o que culminou, em Fevereiro de 2008, com a nomeação de Carlos Santos Ferreira, que estava na CGD, para liderar o BCP. Também a construtora Teixeira Duarte baixou a sua participação de 5,35% para 2,29%, decisão que, aparentemente, não era expectável, tendo em conta as informações que, nos últimos dias, circularam na comunicação social, dando como certo um reforço da sua presença no BCP. De acordo com as informações do BCP, a petrolífera Sonangol, que se mantém como o maior accionista do banco, não mexeu na sua posição accionista, que continuará em 11,03%, não se confirmando, para já, o eventual aumento da sua participação. O Sabadel continua na segunda posição, não reforçando e mantendo uma participação de 3,97%. Também Joe Berardo não mexeu na sua posição, que se mantém em 3,07% e surge agora com a quarta maior posição accionista (era o terceiro), antes da EDP, que continua com 2,99%, o que lhe dá a quinta posição, à frente da Inter Oceânico (2,94%) e da Teixeira Duarte (2,29%). O empresário José Estêvão Neves investiu no maior banco privado português através da holding Estêvão Neves SGPS (2,12%), da Enotel (0,91%) e a título pessoal (0,18%), constitui, assim, a grande novidade do aumento de capital do BCP, de 500 milhões de euros, totalmente subscrito. José Estêvão Neves, que tem negócios na hotelaria, é também accionista de referência da Zon, desde Fevereiro de 2011, com 2,94% De acordo com o Diário de Notícias da Madeira, Estêvão Neves, detém hoje cinco hotéis de propriedade própria, na ilha da Madeira e no Estado de Pernambuco, no Brasil", país onde tem investido".