quarta-feira, agosto 08, 2012

Opinião: MORANGOS AMARGOS

"O vergonhoso caso da alegada falência fraudulenta (?) de um execrável intermediário conhecido por "Strawberry Wolrd", parece revestir-se de indícios do que poderá ser uma enorme patifaria que devia, por isso, exigir a intervenção imediata do Governo Regional da Madeira e das autoridades policiais de investigação, concretamente do Ministério Público e da Polícia Judiciária. Estamos perante, ao que tudo indica, um pequeno grupo de patifes espertalhões que roubaram milhares de euros (não se pode precisar quanto) a centenas de turistas, nacionais e estrangeiros, num processo que não pode ser olhado de forma leviana como me parece que tem sido o caso.
Basicamente a Strawberry World, assim chamada, não passava de uma intermediária, prestadora de serviços, que existiu porque contou com a cumplicidade de várias entidades, sobretudo hotéis que são as entidades privadas que agora mais se queixam. Se essa relação comercial entre os hotéis e estes estranhos intermediários não existisse, não tínhamos certamente chegado a este ponto, com não sei quantas centenas de pessoas lesadas - algumas ainda estarão para chegar ao Funchal e nem sonham com o que se passa... - a quem pretendem cobrar duas vezes uma estadia confirmada (por quem?) e paga (os hotéis recebiam ou não da SW antes desta falência mafiosa?) pelos turistas.
O que me parece é que há pessoas que provavelmente vivem ainda na região - dizem-me que com outros projetos no sector em marcha, particularmente restaurantes... - naturais da Madeira e/ou sócios estrangeiros, que lesaram centenas de pessoas, melhor dizendo, que roubaram pessoas e que não demonstram qualquer interesse nem disponibilidade para colaborar na solução do problema.
A questão não se resolve com processos de “revitalização” em tribunais, porque estamos nesse caso perante uma palhaçada. O que a justiça devia exigir a estes crápulas era a reposição imediata de todas as verbas roubadas aos lesados, em vez de permitir que seja usada em manigâncias jurídico-empresariais que mais não são do que tentativas para perpetuar a aldrabice.
Era aqui que deviam entrar o Governo Regional e o Ministério Público, se necessário for detendo para averiguações os "pavões" ligados a esta empresa prestadora de serviços. Grave é que o executivo regional, que certamente saberá quem são estes indivíduos, que criaram a empresa na Madeira – deixemo-nos de tretas, estamos a falar de uma empresa criada no Funchal e com sede no Funchal – e que requereram o licenciamento (alvará), assim como alegadamente poderão ter beneficiado de apoios de fundos comunitários para financiarem programas informáticos de reservas e a elaboração de uma teia de sites institucionais, não se tenha colocado rapidamente no terreno. Nem quero acreditar, como já corre na cidade, que algumas pessoas conhecidas estarão envolvidas neste processo.
A Strawberry Wolrd e outras patifarias semelhantes, são prestadoras de serviços que no caso dos hotéis seriam dispensáveis, caso estes estivessem dotados de serviços eficazes próprios de gestão de reservas em vez de andarem a reduzir os seus quadros de pessoal os hotéis e optarem pelo "outsourcing" patifório. A Madeira precisa de tomar as medidas adequadas e os hotéis têm que ser responsabilizados pois, usando a expressão popular, "enquanto a teta deu leite" não se queixaram nem se preocuparam com nada. Pelo contrário, mantiveram relações comerciais com aquela empresa que lhes arranjava clientes, lhes enviada reservas e fazia com que o dinheiro entrasse nas caixas. Estava tudo bem. Quando os problemas surgiram, quando se começou a perceber que havia qualquer coisa de estranho e ilegal no esquema, o que sucedeu foi que os principais beneficiários (os hotéis) destes serviçais mafiosos foram os primeiros a usar das suas influências e das ligações empresariais para se virem queixar para a imprensa e lavarem as mãos, desresponsabilizando-se, como se fosse possível branquear uma convivência factual.
Sei que há turistas nacionais, incluindo da Madeira, que ao pretenderem fazer as reservas diretamente através da internet, em hotéis das Canárias, acabavam por ser "encaminhados" pelos sistemas de reservas dos hotéis para esta falida (?) Strawberry World pelo que correm o risco de não ter reservas ou de ter que pagar uma segunda vez por elas. Penso que seria recomendável que todos os madeirenses que efetuaram reservas usando os procedimentos da internet, as reconfirmassem para que não apanhem nenhum susto quando chegarem às Canárias...
O que estes patifes tinham de diferente, segundo me explicam - e este procedimento era conhecido dos hotéis locais, do Governo da Madeira e de outras entidades - é que cobravam logo à partida as verbas correspondentes às reservas feitas pelos clientes nos hotéis, ao contrário do que acontece com outros serviços do género – casos do Booking - que se limitam a confirmar reservas sem cobrar seja o que for, já que o cliente paga diretamente nos hotéis no ato do check-out. As relações comerciais entre os hotéis e o "Booking" são diretas e nada têm a ver com os clientes. Ao contrário da SW que meteu o dinheiro ao bolso, roubou as pessoas e não pagou as reservas efetuadas nos hotéis.
Pelos vistos estamos potencialmente perante uma ladroagem descarada e sem vergonha. Mas licenciada! Por isso não entendo todas as tentativas de lavar as mãos por parte de entidades privadas - os hotéis locais - que se foram lesados, não podem ignorar que foram cúmplices, pelo menos pelo silêncio, de um esquema que era do seu conhecimento e que mais tarde ou mais cedo daria nisto.
Penso que na Madeira há condições para que o Governo Regional esclareça esta situação, rapidamente, identifique quem foram os seus interlocutores na obtenção do licenciamento (alvará) bem como na obtenção de eventuais apoios financeiros comunitários e peça a intervenção das entidades judiciais, incluindo na imediata detenção dos seus protagonistas até que esta situação se resolva e antes que fujam da Madeira. As entidades públicas regionais não podem lavar as mãos e muito menos virem agora com um discurso da treta, como se não tivessem nada a ver com tudo o que se está a passar.
E já agora, a reboque deste caso, deviam ser rapidamente tomadas medidas inspetivas, incluindo fiscais e em termos de segurança social e contratos de trabalho, visando outros prestadores de serviços (intermediários) na área do turismo que por aí existem. Sobretudo para que não se dê razão à “vox populi” de que os negócios nas mãos de alegadas figuras do "jet set" (?) local, sobretudo quando se tratam, como alegadamente parecer ser este o caso, de aldrabices e de pura e descarada ladroagem, são intocáveis" (in JM)

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