quinta-feira, agosto 23, 2012

Asfixia financeira ameaça Universidade

Li no Público que "a Universidade dos Açores (UAç) foi notícia na Primavera. As dívidas e receitas inferiores ao previsto colocaram a instituição numa grave situação financeira que só foi superada graças à "injecção" de 1,5 milhões de euros pelo Governo regional. Jorge Medeiros, reitor da UAç, explicou na RTP-Açores que a instituição devia 1,3 milhões de euros de equipamentos adquiridos para Angra do Heroísmo, a que se somavam mais 300 mil euros de trabalhos na Horta. E as receitas tiveram uma quebra de um milhão. O desdobramento por três pólos (S. Miguel, Terceira e Faial), devido à descontinuidade geográfica, foi um objectivo aquando da criação da Universidade. Esta forma de organização impõe custos acrescidos, mas ninguém defende a sua extinção. As causas profundas da actual situação vêm de longe. "Desde 2005, a quebra de investimento do Estado foi de 100 milhões, o que faz com que as universidades vivam no limiar dos limiares", diz Álvaro Borralho, professor da UAç e delegado do Sindicato Nacional do Ensino Superior. O desequilíbrio financeiro da Universidade começou a ser evidente a partir de 2000-2001. Borralho admite que possa ter havido má gestão, mas lembra que as universidades não são tão "plásticas" quanto se possa pensar: "Substituir por outro um curso que deixou de ter inscrições não dá resultados imediatos, pois há um prazo mínimo de 10 anos que ele leva a formar. Além disso, dentro de cada área não é fácil reconverter um curso para outro". Segundo Álvaro Borralho, não é solução o aumento de propinas, porque já estão no limite, além de não financiarem integralmente o custo de cada estudante. Lembra que, em época de crise, o aumento só dificulta o acesso dos mais desfavorecidos e é um acréscimo em orçamentos familiares debilitados pela austeridade. Para Álamo Meneses, antigo secretário regional da Educação, a "reforma institucional deve ser encarada como essencial e urgente". Sem ela, "não há ajuda que possa interromper a asfixia financeira que se abateu sobre a Universidade dos Açores". O que não significa que o Executivo vire as costas à instituição. "É um pilar fundamental da autonomia açoriana", diz Meneses: "Ao Governo regional apenas resta aceitar a Universidade como parceiro essencial e assumir a sua protecção como um dos seus desígnios fundamentais: o fim da Universidade seria o prenúncio da perda da autonomia". Para Berta Cabral, líder do PSD-Açores, "a asfixia financeira da Universidade deve-se, em grande medida, ao Governo regional". Diz que este se comprometeu a apoiar a instituição através de fundos comunitários, mas "nunca cumpriu". Também não poupa "os governos do PS da República", a quem "se deve uma parte substancial da responsabilidade" na actual situação. A Universidade deve ser vista como parceiro indispensável por todas as instituições açorianas", disse Berta Cabral: "Sendo um dos "pilares" da autonomia, o PSD afirma a importância de se encontrar a melhor forma de garantir o financiamento da UAç". "É impossível manter este estado de coisas, algo tem de ser feito. É impensável que o Estado desinvista ainda mais", conclui Álvaro Borralho: "Tudo o que está a acontecer reflecte-se inevitavelmente na qualidade do ensino".

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