segunda-feira, julho 28, 2008

Low cost e a Madeira: Estudo da ACIF (II)

Desde 1999, regista-se uma diferença relevante em diversos drivers que influenciam directa e indirectamente o turismo na RAM, designadamente:
· O crescimento significativo da oferta de camas disponibilizada na RAM;
· O desenvolvimento das infra-estruturas de suporte, com especial destaque para a expansão do aeroporto e melhores acessibilidades, designadamente estradas;
· A dificuldade de adaptação à procura.

Foi disponibilizado um número relevante de novas camas em diversas categorias e tipologias de estabelecimentos hoteleiros, que transformou a oferta disponível, entre 1999 e 2007. Apesar da oferta distintiva e de qualidade oferecida por estes estabelecimentos, a procura não acompanhou esse crescimento da mesma forma, resultando em menores taxas de ocupação e RevPar. No entanto, começa a verificar-se, em termos gerais, uma situação de recuperação desde 2005, tendo a taxa de ocupação voltado a atingir, em 2007, níveis idênticos aos registados em 2000 (60.0%).
O perfil da procura turística da RAM
De uma forma geral, o turista característico da RAM é, na maioria dos casos, Europeu, procura qualidade hoteleira e apresenta como motivação turística principal, o lazer. O turista da RAM apresenta também, na generalidade, um grau etário médio/elevado e uma tendência para estadias mais longas. No entanto, o perfil do turista habitual sofre ligeiras variações conforme o tipo de época. Recentemente, têm-se vindo a verificar um conjunto de tendências de alteração do perfil do turista da RAM, com especial destaque para o seguinte:
· os turistas do Reino Unido têm vindo a ser substituídos por portugueses e outras nacionalidades;
· a estadia média do turista apresenta tendência para redução;
· o gasto médio diário registado nos estabelecimentos hoteleiros tem-se apresentado decrescente em termos reais;
· o principal meio de aquisição de viagem continua a ser através de agência de viagens, embora a internet venha desempenhando um papel cada vez mais importante.

O surgimento das companhias low cost e o balanço da sua entrada

Na década de 90 verifica-se o aparecimento das companhias denominadas low cost. Este tipo de companhias surgiu no mercado, assentando o seu modelo de negócio especialmente na simplificação dos serviços, oferecendo aos seus clientes:
· Essencialmente canais de distribuição on-line e call centers;
· Apenas ligações directas de pequeno curso, com baixa necessidade de handling e através de aeroportos secundários;
· Serviços tradicionais, como o transporte de bagagem de porão e alimentação a bordo, surgem como adicionais em termos de preço.
As low cost carriers vieram potenciar não só o aumento da frequência das viagens dos turistas e, em particular, a intensificação dos short breaks, mas também o surgimento de um novo tipo de turista que anteriormente não viajava e que representa 59% do seu tráfego de passageiros, a que se pode denominar “nova procura”. Para estes últimos, as LCC são uma oportunidade de se deslocarem em maiores distâncias, em menos tempo, pelo único preço que estariam dispostos a pagar pela deslocação. Contudo, não é o destino que move as suas necessidades, mas sim o seu preço, o que não os classifica como clientes normalmente “fiéis”.
A penetração das LCC tem vindo a ser crescente, não se encontrando ainda esgotada

A elevada penetração das LCC veio, assim, criar no sector do transporte aéreo novos desequilíbrios num mercado que se encontrava em amadurecimento. Desta forma, verifica-se actualmente um excesso de oferta que tem vindo a criar uma concorrência pelo preço. Estes factores, aliados à escalada exponencial do preço dos combustíveis, poderá colocar em causa a continuidade de algumas companhias, pelo que se prevê uma possível consolidação do sector a curto/médio prazo.


(fonte: ACIF) (continua)

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