terça-feira, julho 15, 2025

"Ouve-se um dos pilotos a perguntar ao outro porque é que fez aquilo": investigação preliminar ao voo da Air India revela que combustível foi cortado deliberadamente


O Gabinete de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia divulgou um relatório preliminar sobre o voo da Air India que se despenhou em junho. O documento revela que o fornecimento de combustível para os motores foi cortado. O avião, com destino a Londres, caiu poucos segundos depois de descolar do aeroporto de Ahmedabad. Todos os ocupantes morreram, exceto um passageiro.

Segundo o relatório, a que a CNN teve acesso, os interruptores de controlo de combustível no cockpit do Boeing 787 Dreamliner foram acionados, o que desligou os motores. Os investigadores conseguiram recuperar dados das caixas negras da aeronave, incluindo 49 horas de dados de voo e duas horas de áudio do cockpit, que registou o momento do acidente.

A aeronave atingiu uma velocidade de 180 nós (cerca de 333 km/h) quando os interruptores de corte de combustível de ambos os motores "passaram da posição RUN para a posição CUTOFF um após o outro com um intervalo de um segundo", refere o relatório. “No registo de voz do cockpit, ouve-se um dos pilotos a perguntar ao outro porque é que fez aquilo. O outro piloto respondeu que não fez nada”, lê-se no relatório. O combustível foi cortado para os motores, de acordo com o documento.

As imagens do aeroporto mostram que a turbina Ram Air, a fonte de energia de emergência de uma aeronave, foi ativada durante a subida inicial após a descolagem, adianta o relatório. O avião começou a perder altitude antes de ultrapassar o muro perimetral do aeroporto.

Pouco depois, os interruptores foram novamente colocados na posição correta para tentar recuperar os motores.

Os investigadores notaram ainda que o combustível do avião foi testado e revelou-se de qualidade satisfatória. Também não foi observada atividade significativa de aves na proximidade da rota de voo.

"Quando os interruptores de controlo de combustível são movidos da posição CUTOFF para RUN enquanto a aeronave está em voo, cada sistema de controlo total duplo do motor gere automaticamente uma sequência de reativação e recuperação de impulso através da ignição e introdução de combustível", indica o relatório. Segundos após a tentativa de recuperar os motores, um dos pilotos declarou: “MAYDAY MAYDAY MAYDAY.” O controlador de tráfego aéreo chamou pelo código do avião, mas não obteve resposta e viu a aeronave despenhar-se ao longe.

O comandante do voo era um homem de 56 anos com mais de 15 mil horas de voo na carreira. O co-piloto era um homem de 32 anos, que contava com mais de 3.400 horas de voo. O peso de descolagem do avião estava dentro dos limites permitidos e não havia "mercadorias perigosas” a bordo. Os investigadores verificaram que os flaps das asas estavam ajustados na posição de 5 graus, adequada para a descolagem, e a alavanca do trem de aterragem encontrava-se na posição correta - descida.

O motor esquerdo foi instalado na aeronave a 26 de março e o motor direito a 1 de maio, refere ainda o relatório. Para além das vítimas a bordo, várias pessoas em terra morreram quando o avião se despenhou contra o hostel do BJ Medical College and Hospital.

O voo AI171 da Air India descolou do Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel, em Ahmedabad, no estado de Gujarat, oeste da Índia, a 12 de junho. O Boeing 787-8 Dreamliner tinha como destino o aeroporto de London Gatwick, onde deveria aterrar às 18h25 locais (13h25 ET). A Air India indicou que 242 passageiros e tripulantes estavam a bordo do avião. Entre eles, 169 eram cidadãos indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadiano (CNN-Portugal, texto dos jornalistas Aaron Cooper e Hira Humayun, da CNN)

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