Terá sido um corte do combustível que fez os pilotos
perder controlo dos motores e, quando conseguiram reverter este efeito, já era
tarde demais. "Conclusões definitas" podem demorar "meses ou
anos". A sair da pista, durante o processo de descolagem, o Boeing 787
Dreamliner da Air India atingiu uma velocidade de 180 nós (cerca de 333 km/h)
e, no espaço de um segundo, os interruptores que cortam o abastecimento de
combustível dos dois motores foram acionados. Graças à recuperação das caixas
negras do avião, que permitiram ter acesso a quase 50 horas de voo e duas de
áudio no cockpit, o Departamento de Investigação de Acidentes de Aviação da
Índia conseguiu apurar, numa avaliação preliminar avançada pela CNN, o que
aconteceu no passado dia 12 de junho, no maior desastre aéreo do século neste
país, que vitimou 241 pessoas.
“Cortaste o combustível?”, é dito na gravação reproduzida no relatório, ouvindo-se um dos comandantes a questionar o motivo para os motores terem parado de funcionar poucos instantes após o avião ter levantado voo. A resposta do outro comandante foi negativa, indicando que não terá sido ação humana de qualquer um dos pilotos que comandava o voo que fez cair o avião. Contudo, neste mesmo documento, as autoridades indianas escrevem que “não há ações recomendadas” para a Boeing nem para a General Electric, os responsáveis pelo avião e pelos motores, respetivamente.
Pouco tempo depois, apesar de não ser precisado o
intervalo exato pela imprensa internacional, os comandantes conseguiram
reverter o corte de combustível e estavam no processo de recuperar controlo dos
motores quando o avião colidiu com uma zona residencial na cidade indiana de
Ahmedabad. Um total de cinco edifícios ficaram destruídos e morreram quase 30
pessoas devido ao embate.
Apesar da colisão e do incêndio que deflagrou, o avião
foi encontrado em “condições normais”, segundo a avaliação feita. Ao mesmo
tempo, uma análise à qualidade do combustível não verificou qualquer
anormalidade e, igualmente, não foi registada atividade significativa de aves
no curto percurso traçado pelo avião.
Logo a seguir a terem tentado reativar os motores, a
gravação no cockpit revelou que um dos pilotos disse “Mayday, Mayday, Mayday“,
que suscitou uma resposta rápida da torre de controlo aéreo. No entanto, não
obtiveram resposta do 787 Dreamliner da Air India.
Revelados agora os primeiros detalhes da investigação sobre o que poderá ter causado o acidente que vitimou todas menos uma pessoa que seguiam a bordo do voo até Londres, o gabinete indiano de investigação assume que a resposta definitiva poderá demorar “meses, ou até anos” a chegar. Esta primeira avaliação teve de ser divulgada nos primeiros 30 dias após o desastre aéreo, uma vez que a Índia é signatária da Organização Internacional de Aviação Civil — sendo obrigada a respeitar este protocolo de submeter um relatório preliminar (Observador, texto do jornalista Martim Andrade)
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