Muito sinceramente, e quando estão extintos os incêndios que durante cerca de 11/12 dias abalaram a Madeira e trouxeram medo e muita instabilidade emocional a milhares de madeirenses - sem falar de polémicas políticas desnecessárias, evitáveis e que resultaram de erros de análise e de procedimento que poderiam e deveriam ter sido evitados - acho que o Governo Regional da Madeira devia proceder à elaboração de um relatório pormenorizado - dado que está na posse de todas as informações necessárias - sobre os factos, procurando explicar aos madeirenses as causas do sinistro, os motivos da propagação acelerada nalguns locais, os efectivos empregues no seu combate, a área ardida, os prejuízos causados pelos incêndios nos diferentes concelhos, e quantificação dos mesmos, o esquema de vigilância das serras que existe, os motivos de termos poços abandonados nas serras, sem que se perceba bem para que servem os mesmos, o número de acções realizadas pelo helicóptero do SRPC e pelos dois aviões espanhóis Canadair que se deslocaram para o Funchal no quadro da cooperação europeia no combate a incêndios florestais, a cronologia dos contactos com o Governo de Lisboa, etc.
Nós precisamos todos de perceber o que aconteceu, porque aconteceu, que decisões estratégicas de combate foram tomadas em, termos de combate ao fogo, qual a evolução da meteorologia, nomeadamente dados oficiais sobre a intensidade do vento e do calor, qual o estado das medidas para a limpeza de terrenos, etc.
Precisamos saber se a RAM necessita mesmo, como todos parecem estar a concordar agora, de pelo menos um segundo meio aéreo de combate a sinistros florestais que possa complementar o helicóptero existente - e que tanta utilidade tem tido - etc.
Ora, fica-me uma dúvida: sem que este levantamento esteja realizado, sem que este relatório seja elaborado, sem que desse documento constem as medidas que serão tomadas - quantas pessoas foram afectadas? - agora que os incêndios foram extintos, faz sentido o agendamento de audições parlamentares, cuja realização eu defendo, como aliás já o referi publicamente? Salvo se a ideia é tão-somente a de usar as audições para a barulheira político-partidária, para a retórica populista e demagógica que nada esclarece, que nada resolve, que a nada responde - acresce que duvido que os deputados sejam, especialistas na matéria em causa? Sem um documento de apoio, independentemente de outras propostas já anunciadas - caso do CDS - para a clarificação do que se passou nas nossas serras e que ajude a discutir eventuais medidas futuras, a serem tomadas, que aumentem, a eficácia preventiva da Madeira perante situações destas, fará sentido agendar audições só para responder a agendas políticas e partidárias mediatizáveis ou a impróprios bicos-de-pés numa altura em que o impacto da catástrofe está presente no pensamento e nas vidas de milhares de pessoas que viram o fogo a rondar os seus bens e as suas vidas? Sem vítimas mortais e sem bens significativos afectados já proliferam pedidos de demissão a pataco. O que não aconteceria se o desfecho, para infelicidade de todo um povo, tivesse sido mais catastrófico?! Acabavam com a autonomia e transformavam a RAM numa colónia a depender de Lisboa para gaudio de muitos que em certa medida sonham com esse desfecho? Tenhamos calma, sejamos pragmáticos e sejamos sérios. Um relatório seria um excelente ponto de partida, mesmo que elaborado por uma entidade interessada, neste caso o GRM, mas que seria facilmente "poligrafado"? (LFM)
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