À medida que o número de turistas a nível mundial continua a aumentar, os principais destinos europeus estão a tomar medidas para aliviar a pressão e mitigar os efeitos do turismo de massas. As taxas turísticas são um dos instrumentos que estão a ser introduzidos ou alargados nas cidades que mais se debatem com um número excessivo de visitantes.
AMESTERDÃO
Em 2023 foi lançada a campanha “Stay Away”, destinada a dissuadir turistas que causam distúrbios, e em 2024 a cidade proibiu a construção de novos hotéis no centro da mesma, limitou os horários de funcionamento de bares e cafés e impôs restrições à venda de canábis nas ruas. Já no início deste ano foram introduzidas medidas para priorizar a habitação para certos grupos, como estudantes e trabalhadores essenciais. Também foram adotados critérios para restringir o número de alugueres privados para férias. A cidade está a reduzir o número de licenças de alojamento turístico e a limitar a concessão de licenças para lojas de souvenirs, favorecendo negócios locais. A taxa turística sofreu um aumento significativo, tornando-a das mais elevadas da Europa. Há ainda planos para transferir o terminal de cruzeiros para fora do centro da urbe, que, a serem aprovados, farão com que mais nenhum navio com turistas atraque na capital a partir de 2035. Outras cidades europeias já limitaram ou pretendem limitar a entrada de cruzeiros.
BARCELONA
Há vários anos que a cidade catalã tenta, através de diferentes estratégias, aliviar o excesso de turistas. Só este ano a taxa municipal, apenas aplicável aos primeiros sete dias de estada, foi revista duas vezes: em abril, quando passou de 2,75 euros para 3,25 euros, e em julho, quando foi aprovado um novo aumento, para 4 euros, que entra em vigor a partir de outubro deste ano. Também há planos para aumentar a taxa turística cobrada aos passageiros de cruzeiros que permaneçam na cidade durante menos de 12 horas. Quanto ao Alojamento Local, foi anunciado este ano que deixarão de ser concedidas novas licenças e que as que existem não vão ser renovadas, o que fará com que os apartamentos para turistas deixem de existir até ao final de 2028. Barcelona tem atualmente 10.101 Alojamentos Locais oficialmente registados e o objetivo é que sejam recuperados para uso residencial.
VALÊNCIA
Também para conter o turismo excessivo a região espanhola vai aplicar multas até 600 mil euros aos alugueres de curta duração não licenciados (mercado negro) e aos apartamentos do tipo Airbnb.
VENEZA
Com recordes no turismo desde o fim da pandemia, as autoridades de Veneza tentam mitigar o excesso de visitantes. A cidade proibiu recentemente os guias turísticos de usarem megafones e limitou os grupos a 25 pessoas, no máximo, no centro histórico e em ilhas como Murano e Burano. Além disso, este verão foi testada a aplicação de 5 euros a turistas que se desloquem apenas por um dia à cidade. O objetivo é reduzir as multidões, incentivar visitas mais longas e melhorar a qualidade de vida dos residentes. Em 2021 foi proibida a entrada de navios de cruzeiro de grandes dimensões no centro histórico da urbe.
PARIS
A cidade aumentou significativamente as suas taxas turísticas, até 200%, a partir de 1 de janeiro de 2024. A medida foi justificada com a necessidade de proceder a melhorias nos transportes públicos e em diversas infraestruturas antes dos Jogos Olímpicos e gerir o esperado crescimento do número de visitantes durante o evento desportivo.
COPENHAGA
Na capital dinamarquesa foi lançado recentemente um programa-piloto para combater o excesso de turismo: pôr os visitantes a trabalhar. Os turistas que se envolvam em atividades ‘amigas’ do ambiente, como a recolha de lixo ou a utilização de transportes públicos, poderão ser recompensados com refeições, experiências culturais e excursões gratuitas. O programa experimental CopenPay, que decorre entre 15 de julho e 11 de agosto, junta-se a uma série de soluções colocadas em prática para fazer face ao excesso de turismo (Expresso, texto das jornalistas Helena Bento e Joana Pereira Bastos)
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