domingo, agosto 21, 2022

Crise energética: Saiba o que os países europeus estão a fazer para tentar reduzir o consumo

A ameaça do corte de fornecimento de gás russo à Europa levou a Comissão Europeia a definir metas de poupança e os Estados-membros a preparar planos de redução do consumo de energia, para evitar escassez no inverno. Em Portugal, o plano de poupança energética deverá ser conhecido no final de agosto, mas em alguns países já são conhecidos e as medidas variam, consoante o grau de dependência de cada país do gás russo. Em Espanha, o “Plano de choque de poupança e gestão energética”, anunciado pelo governo de Pedro Sánchez, prevê que os espaços refrigerados tenham uma temperatura mínima de 27 graus e que os aquecimentos, quando chegar o inverno, não subam acima dos 19. Todos os espaços com entrada direta desde a rua têm até 30 de setembro para instalar um sistema de portas que se mantenham fechadas quando não está a entrar ou a sair alguém. Além disso, têm até 2 de setembro para afixar informação sobre a temperatura interior e as medidas adotadas para poupar energia.

Estão abrangidos por estas medidas de poupança de energia, que ficarão em vigor até novembro de 2023, edifícios oficiais e das administrações públicas, espaços comerciais, a hotelaria e a restauração, espaços culturais (como cinemas, teatros, museus ou auditórios), estações de comboio, autocarro ou metro e os aeroportos.

O decreto publicado pelo governo espanhol prevê, contudo, exceções para a climatização e aquecimento de espaços como as cozinhas dos restaurantes, ginásios, cabeleireiros, hospitais, lares de terceira idade ou laboratórios. A iluminação pública vai manter-se sem alterações, mas a iluminação das montras das lojas e dos edifícios públicos que não estão a ser usados vai ter de desligar-se a partir das 22h. Em Espanha as medidas já entraram em vigor e só na primeira semana a procura de eletricidade caiu 3,7%, embora tenha coincidido com uma vaga de calor em grande parte do país. Na Alemanha, o governo anunciou planos que visam a poupança de gás por parte dos consumidores, da indústria e do setor público, sendo que algumas das medidas devem entrar em vigor no primeiro dia de setembro.

Assim, os edifícios públicos alemães só deverão ser aquecidos a um máximo de 19 graus (anteriormente, a temperatura mínima recomendada era de 20 graus), exceto em clínicas, lares de idosos ou outras instituições sociais.

Entre as medidas previstas está também o desligar da iluminação de edifícios e monumentos por razões puramente estéticas ou representativas. As instalações publicitárias iluminadas devem ser desligadas entre as 22h e as 06h. Mais drástica são as medidas na Suíça, uma vez que o governo suíço e as companhias elétricas admitiram poder cortar a eletricidade até quatro horas por dia no inverno. Tal só acontecerá em última instância, pois seria a última medida a aplicar no plano de contingência apresentado pelo diretor da associação das companhias de eletricidade suíças VSE, Michael Frank.

Numa primeira fase, serão apenas promovidas medidas de poupança voluntárias através de uma campanha de sensibilização iniciada em agosto, mas se a situação piorar, o plano avançará com a redução do consumo elétrico menos essencial, como a iluminação de lojas ou espaços públicos à noite.

Numa terceira fase, cerca de 30.000 empresas serão obrigadas a poupar até 30% do seu consumo de eletricidade e só em último recurso serão aplicados os cortes de energia. A Suíça está também a negociar acordos de fornecimento de gás com as vizinhas Alemanha e Itália, enquanto trabalha com operadores energéticos para assegurar reservas para resistir ao inverno. As lojas são também as sacrificadas em França, uma vez que o governo está a preparar decretos que proíbem as lojas com ar condicionado de terem portas abertas, sob pena de lhes serem aplicadas multas, que podem chegar aos 750 euros.

Adicionalmente, os letreiros luminosos deverão ser desligados, entre a 1h e as 6h, exceto em aeroportos e estações de transportes. Em Itália os cortes nas temperaturas dos edifícios públicos não são tão acentuados quanto noutros países. Exceto hospitais, estes edifícios mantêm, desde maio, a temperatura do ar condicionado nos 19ºC no verão e, no inverno, não deverá ultrapassar os 27ºC.

Por outro lado, na Irlanda a Autoridade de Energia Sustentável da Irlanda aconselhou as famílias a reduzir a temperatura do ar condicionado para os 20ºC nas salas de estar e para entre 15ºC a 18ºC nos corredores e quartos. As autoridades irlandesas apelaram ainda para que limite a velocidade de condução aos 100 quilómetros por hora, nas autoestradas, para reduzir o consumo de combustível.

Na Bélgica a iluminação das autoestradas foi reduzida e o IVA de equipamentos como painéis solares ou bombas de calor baixou de 21% para 6%. Por fim, na o governo grego criou um programa de 640 milhões de euros para substituição de janelas por outras mais eficientes e para sistemas de aquecimento e refrigeração em edifícios. À semelhança de outros países europeus, limitou o arrefecimento dos edifícios aos 27ºC, no verão (Multinews)

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