Socialistas pagam em
fevereiro o preço do descontrolo da pandemia em janeiro. PSD segue sem
alterações. Bloco recupera terceiro lugar ao Chega, que está em queda. CDU e
PAN recuperam parte das perdas, revela sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF.
Partido Socialista em baixa (37,6%), Iniciativa Liberal em alta (5,7%): são as duas principais alterações no barómetro de fevereiro da Aximage para o JN, DN e TSF. Uma das consequências destes movimentos é que a soma dos partidos à Direita volta a ser superior à projeção eleitoral dos socialistas, apesar da estagnação do PSD (26,5%) e da persistente irrelevância do CDS (0,8%). Mas também há boas notícias à Esquerda: o BE (7,7%) recupera o terceiro lugar que tinha perdido para o Chega (6,5%), agora em perda; a CDU também cresce (5,8%); e o Livre reaparece (1,3%). Finalmente, o PAN trava a queda volta a subir (4%).
Depois de três meses em
alta, chegando aos 40%, o PS regista, em fevereiro, uma queda de mais de dois
pontos percentuais. A fatura do descontrolo da pandemia, em janeiro, chega de
forma diferida, quando a melhoria dos números já é evidente, mas o preço a
pagar não é alto: os socialistas estão com o mesmo resultado de novembro,
quando a segunda vaga começava a estabilizar, e continuam um ponto acima do que
conseguiram nas legislativas de 2019. Vai ser preciso esperar, portanto, para
perceber se há uma tendência de descida.
Direita já soma 40 pontos
Apesar do PS continuar a
ser o mais que provável vencedor de umas eleições (caso elas se realizassem
hoje), o quadro político vai sofrendo alterações. Uma delas é que os
socialistas valem agora menos do que a soma dos vários partidos à Direita. E
não apenas porque estão em queda, também porque a Direita está a crescer há
vários meses e vale hoje quase 40 pontos percentuais (mais cinco do que em
outubro de 2019). Ainda que seja uma Direita diferente da que saiu das últimas
eleições legislativas.
O PSD, por exemplo,
estacionou entre janeiro e fevereiro (26,5%), sem conseguir retirar dividendos
políticos da crise de resultados do PS, e continua um ponto abaixo do que conseguiu
na última ida às urnas. E o CDS, seu aliado tradicional, continua o que parece
ser uma caminhada rumo à irrelevância (0,8%). Francisco Rodrigues dos Santos
conseguiu superar o desafio de Adolfo Mesquita Nunes, mas não está a ser capaz
de mobilizar os eleitores: desde que, em setembro do ano passado, chegou à casa
do 1%, nunca mais voltou a superar os mínimos de sobrevivência.
Liberais em destaque à
Direita
A nova força da Direita
está, claramente, nos seus dois novos partidos parlamentares, embora as
projeções deste este mês demonstrem que a relação de forças ainda é um processo
em construção. A Iniciativa Liberal é a grande sensação do barómetro de
fevereiro: depois de uma tendência de crescimento, lento mas seguro, ao longo
de todo o ano passado, os liberais sobem mais de dois pontos para os 5,7%,
ultrapassando o PAN e aproximando-se da CDU (está a uma escassa décima).
Somando a projeção dos
liberais com a do Chega, esta nova Direita já vale mais de 12 pontos
percentuais (mais dez do que nas legislativas de 2019). Ainda que os radicais
de Direita liderados por André Ventura tenham descido um ponto de janeiro para
fevereiro (valem agora 6,5%), voltando ao patamar de setembro passado e
perdendo um efémero terceiro lugar, continuam a ser o partido com maior
crescimento desde as últimas eleições (mais cinco pontos percentuais).
Bloco outra vez terceiro
A Direita está mais
forte, mas a Esquerda não está necessariamente mais fraca, pelo menos no que
diz respeito à soma: vale os mesmos 52 pontos percentuais do mês passado, e
menos um do que nas últimas legislativas (se incluirmos o Livre nestas contas).
Mas o peso de cada um é um pouco diferente, reduzindo-se o domínio socialista,
seja por conta da queda registada, seja pelo crescimento dos seus antigos parceiros
na geringonça.
O Bloco de Esquerda
(7,7%), depois de três meses de queda, em que foi pagando a fatura do divórcio
com o PS no Orçamento do Estado, ganha um pouco de fôlego e até recupera o
terceiro lugar. Mas ainda está dois pontos abaixo do valor registado nas
últimas eleições. Os comunistas também recuperam o terreno perdido em janeiro
(5,8%), mas continuam abaixo do Chega e sob ameaça da Iniciativa Liberal. E,
finalmente, dá-se o reaparecimento do Livre (1,3%), graças aos resultados na
região de Lisboa, círculo pelo qual, recorde-se, elegeu a sua antiga deputada
Joacine Katar Moreira.
Pormenores
Mulheres
sociais-democratas
Os sociais-democratas
revelam, este mês, uma forte tendência de voto feminino (com 30,3%, elas valem
mais oito pontos percentuais do que eles). No BE a diferença parece ser menor
(com 8,7%, elas valem mais dois pontos percentuais do que eles), mas, tendo em
conta a dimensão mais reduzida dos bloquistas, a proporção de voto feminino é
igualmente significativa.
Testosterona na nova Direita
Se há traço que se
mantém, barómetro após barómetro, é o que nos mostra que os dois novos partidos
da Direita têm um peso masculino muito acentuado. No caso do Chega, os homens
(9,9%) valem o triplo das mulheres. No caso da Iniciativa Liberal, os homens
(8,3%) representam mais do dobro das mulheres.
PSD recupera o Norte
O PSD mantém em fevereiro
o resultado de janeiro, mas a soma das partes é diferente. No que diz respeito
às regiões, por exemplo, perde a liderança na Área Metropolitana do Porto para
o PS. Mas obtém um contundente primeiro lugar na região Norte (43,8%), onde
aliás tem sido sempre mais consistente.
Envelhecimento à Esquerda
No que diz respeito às
faixas etárias, o PS parece um relógio suíço: quanto mais velho o eleitor,
maior é a intenção de voto (44,4% nos que têm 65 ou mais anos). Ainda que a
consistência não seja a mesma, por causa da reduzida dimensão dos segmentos da
amostra, a situação em fevereiro é igual para a CDU e chega aos 9,3% nos mais
velhos.
BE e PAN mais jovens
No caso do PAN e do BE, a
relação é precisamente a contrária de socialistas e comunistas, pelo menos no
barómetro de fevereiro: quanto mais novo o eleitor, melhores são as projeções
de resultados. No caso do BE o resultado entre os mais novos é de 13,6%. No
caso do partido animalista/ambientalista é de 11,9%.
Liberais e lisboetas
Uma das principais razões
para a subida dos liberais é o resultado que conseguem em Lisboa (9,6%), o que
os transforma no terceiro maior partido da região. O resultado no Porto é mais
baixo (5%) mas parece ser mais consistente com o crescimento no longo prazo.
Para além das grandes metrópoles, confirma-se outra marca de água: a IL é um
partido que se sustenta em quem tem melhores rendimentos.
Porto difícil para o
Chega
O partido de Ventura pode
ter sofrido uma quebra, mas continua bem distribuído por todas as regiões do
país, nomeadamente no Centro e no Sul. Em Lisboa vale 6,6%, suficientes para
ficar desta vez em quinto lugar na região. A Área Metropolitana do Porto
continua a ser o território mais difícil para os radicais de Direita.
Números
54%
Quando o que está em
causa é a confiança para primeiro-ministro, António Costa está muito à frente
de Rui Rio. O socialista consegue 54%, com destaque para os mais velhos (67%),
os que vivem na Área Metropolitana de Lisboa (67%) e as mulheres (mais 11
pontos percentuais do que os homens).
20%
O líder do PSD até está
em tendência de subida, ainda que ligeira (mais um ponto do que em dezembro e
mais três do que em outubro), mas longe do socialista. Entre os que mais
confiam em Rui Rio para primeiro-ministro estão os habitantes do Norte (32%),
os que têm maiores rendimentos (26%) e os homens (mais sete pontos percentuais
do que as mulheres) (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
Sem comentários:
Enviar um comentário