55,5% dos portugueses inquiridos pela Eurosondagem
concorda com a providência cautelar interposta pela Associação Comercial do
Porto para impedir investimento de 1,2 mil milhões de euros do Estado na TAP.
Nuno Botelho afirma que o estudo veio provar que a maioria do país não aprova
que o Estado passe cheques em branco a uma empresa sem condições de os pagar. Um
estudo de opinião realizado pela empresa Eurosondagem, entre 21 e 23 de junho,
conclui que 55% dos inquiridos concorda com a ação movida pela Associação
Comercial do Porto e que tem por meta impedir a injeção de € 1,2 mil milhões do
Estado na companhia de bandeira portuguesa. O estudo de opinião foi encomendado
pela mais antiga associação empresarial do país, já após a providência cautelar
ter dado entrada no Supremo Tribunal Administrativo, que esta terça-feira
aceitou analisar o processo, com efeito suspensivo de investimento na
reestruturação da TAP.
Na sondagem, com um universo de 1.048 entrevistas
validadas, 22,5% dos inquiridos revelou ser contra a ação cautelar, enquanto
22% tem dúvidas, não sabe ou não responde. Nas respostas por região quanto à
oportunidade da ação, interposta por, entre outras razões, o plano de retoma de
voos e rotas da TAP concentrar 96% da atividade em Lisboa, a Área Metropolitana
do Porto é a que demonstra maior adesão à ação (60,1%), seguindo-se o Norte
(57%), o Centro (55,4%) e o Sul (55%).
A maioria dos inquiridos da Área Metropolitana de
Lisboa também é a favor da posição tomada pela associação portuense, embora
seja a menos favorável (52%). A conclusão geral do estudo de opinião é que,
embora com “inevitáveis diferenças entre regiões", o resultado apurado “é
transversal ao país e não representa uma concordância localizada”.
O presidente da Associação Comercial do Porto afirma
ao Expresso que a conclusão do estudo de opinião foi “o que estava à espera” e
veio provar que a providência cautelar “não é um jogo de caráter regional”, ao
contrário do que afirmou Carlos César, presidente do Partido Socialista.
“Jogo regional só se for o que a TAP preparou para a
retoma de voos no país, por só olhar para uma região”, frisa Nuno Botelho, que
sustenta não perceber “tal afirmação” vinda de um açoriano. “É uma opinião de
quem está há muito tempo na corte em Lisboa”, refere o líder associativo,
acrescentando que ser uma injustiça os contribuintes açorianos e do restante
país pagarem um financiamento igual numa companhia aérea “de cujos serviços
pouco usufruem”.
Nuno Botelho diz que o resultado do inquérito vem
demonstrar que a maioria do país, mesmo a região de Lisboa, está contra o
“financiamento cego e irresponsável na TAP, que até o seu CEO, Antonoaldo
Neves, admitiu que a empresa não vai conseguir pagar”. Para o líder da
associação comercial esta não é uma guerra norte-sul ou Porto-Lisboa, mas uma
preocupação do país “em passar cheques em branco a uma empresa sem condições”.
O ministro das Infraestruturas sustentou esta
quinta-feira que o plano de auxílio à TAP foi uma imposição de Bruxelas. Pedro
Nuno Santos, em entrevista ao podcast do PS, voltou a criticar a gestão privada
da empresa, afirmando que a mesma “não tem empenho nenhum” e age como se fizessem
um favor ao Estado. O governante refere, contudo, que a estratégia da
Associação Comercial do Porto não foi a melhor de mostrar descontentamento, mas
que, em princípio, “não porá em causa o auxílio à TAP”.
Pedro Nuno Santos afirma, no entanto, compreender a
insatisfação e inquietação do nortenho: “A região Norte e a região Centro dão
um contributo determinante para o desenvolvimento económico nacional, por isso
seria impensável que qualquer plano de regresso da TAP não incluísse a região
Norte” (Expresso, texto da jornalista Isabel Paulo)
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