A previsão
de tempo bastante quente no fim-de-semana, convidativo para a praia, pelo que
este facto surge agora como uma ameaça a uma maior participação, reclamada
pelos diferentes partidos, principais interessados na disputa eleitoral pelo
jogo de mandatos em causa.
Gostaria de
salientar que o que referi num post anterior – de que em situações normais os
eleitores madeirenses deveriam boicotar as europeias de domingo em 100%, por
ser essa a resposta mais adequada a uma Europa, cuja representatividade e a própria
legitimidade política tem sido questionada nos últimos anos – é mantido integralmente
porque considero uma hipocrisia os madeirenses votarem na Europa, concretamente
numa das suas instituições (o PE), quando é essa mesma Europa que se prepara
para nos prejudicar, quer por via dos cortes nos fundos estruturais já em 2020,
quer por via de tudo o que tem feito em relação ao CINM com prejuízos financeiros
e sociais concretos e que tenderão a aumentar.
Um dos
enigmas das europeias de domingo - provavelmente o maior - tem a ver com a
dimensão da abstenção e com o significado que cada partido vai dar a esse
fenómeno que, não constituindo novidade neste acto eleitoral, mostra cada vez
mais um distanciamento entre os cidadãos e a Europa das nomenklaturas
partidárias.
Aliás, não
é por acaso que os partidos recusam mudar a lei eleitoral para o PE, porque as
listas europeias foram, são e eles querem que continuem a ser únicas e
nacionais e, por isso mesmo, uma arena manipulável e manipulada para negociatas
e para a promoção da parvoíce e da mediocridade. Enquanto não tivermos uma lei
eleitoral descentralizada, que permita que os eleitores das ilhas, do norte, do
sul e do centro do país elejam os seus deputados próprios, a que se juntam
depois os deputados eleitos numa lista nacional remanescente, vamos ter eleições
europeias que constituem uma vergonha em termos de participação eleitoral.
Lembremos a
abstenção, sempre a crescer, registada nas europeias em termos globais nacionais:
1987 – 27,6%
1989 – 48,9%
1994 – 64,5%
1999 – 60,1%
2004 – 61,4%
2009 –
63,2%
2014 – 66,2%
Em termos regionais,
no caso concreto na Madeira – e é lamentável que ninguém reclame a mudança da
lei eleitoral vigente em Portugal, que pode ser alterada, para que os eurodeputados
nacionais deixem de ser eleitos numa negociata partidária em listas nacionais,
muitos deles impostos pelas elites distritais ou pela estrutura dirigente - a
abstenção nas europeias também está sempre a crescer, em termos globais como
podemos constatar:
1987 – 33,0%
1989 – 43,3%
1994 – 50,4%
1999 – 55,3%
2004 – 54,1%
2009 – 59,8%
2014 – 66,1% (LFM)
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