terça-feira, março 19, 2019

Nota: em defesa de uma senhora que não conheço

Não conheço o agora ministro Pedro Nuno Santos.  Sei que é um político do PS, jovem com mérito, um dos "turcos" da chamada ala esquerda do PS, que por causa disso foi a ponte com PCP e Bloco e que foi importante na superação de potenciais crises que ameaçaram a geringonça. Não conheço a mulher dele, Ana Gamboa, subitamente colocada na ribalta mediática por um "pecado" de merda. Há quem usem palavrinhas mansas e cuidada, eu não. Por isso estou perfeitamente à vontade para fazer o que acho que deve ser feito, defender um e outro. Defender a mulher, sobretudo.
Basicamente, sabemos que Ana Gamboa, mulher do agora ministro Pedro Nuno Santos, já trabalhava com Duarte Cordeiro, na Câmara de Lisboa, desde 2013 o mesmo que foi agora escolhido para ser secretário de Estado. Ou seja, para ser chefe de gabinete de um "reles" autarca, apesar de casada do um secretário de estado, não havia problema. Mas para ser a mesma chefe de gabinete, da mesma pessoa, que deixou de ser um "reles" autarca para passar a ser um "menor" secretário de estado, é o "ai Deus me acuda", que pouca-vergonha, que descaramento, que outras merdas mais.

Que merda de país é este? Que espaço mediático de merda é este que quase obriga a mulher de um antigo secretário de estado, entretanto promovido a ministro, a deixar de ter direito à sua vida profissional, de a condená-la a sentar-se na esquina do Rossio a pedir esmola?
A irmã, a prima, a vizinha do apartamento em frente, a melhor amiga de infância, essas sim, poderiam ser tudo. Mas ela não. Porquê? Porque quando era casada com um tal Pedro, "menor" secretario de estado, ela podia, mas quando passou a ser a mulher de um ministro, o tal Pedro, o mesmo, aí tudo muda de figura, e só lhe resta ou o desemprego compulsivo ou a pedincha. 
Quer isto dizer que Ana Catarina Gamboa Vaz não podia ser a chefe de gabinete de José Duarte Cordeiro, novo secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares , mas foi-lhe permitido ter sido adjunta e depois chefe de gabinete do "reles" José Duarte Cordeiro, autarca da Câmara de Lisboa? Parece que sim...
Acresce que Ana Gamboa vai ocupa um cargo de absoluta confiança política pessoal de quem a escolhe. Mas pelos vistos, aos olhos do manipulado e patético espaço mediático - cada vez mais a reboque e dependente das redes sociais, o que explica que esteja a definhar aceleradamente - nem essa liberdade de escolha é dada ao "reles" ex-autarca, a partir do momento em que é promovido e passa a ser um "menor" secretário de estado. Pelos visto entendiam que deviam imiscuir-se no processo de escolha de pessoas da sua confiança pessoal para o seu gabinete - vejam o paradoxo -  só porque o espaço mediático aspira a envolver-se também, e  até, nas escolhas pessoais de terceiros? Patético. A senhora já trabalhava com Duarte Cordeiro na Câmara Municipal de Lisboa desde os tempos em que ele era vereador e passou a chefe de gabinete quando o homem foi promovido a vice-presidente da Câmara lisboeta. Ou seja, ela deixou a Câmara e acompanhou Duarte Cordeiro noutro cargo governativo, mas com ela a desempenhar sempre as mesmas funções.
Desculpem-me, mas há assuntos que me metem nojo, em relação aos quais apetece vomitar. Por isso manifesto a minha solidariedade aos dois, ao ministro e à esposa, que não conheço de lado nenhum, nem isso importa para alguma coisa, porque não estão a fazer nada de mal e porque se há processos limpos, limpinhos como a água, pelas razões atrás referidas este parece ser um deles. Salvo se em Portugal a mulher de um "menor" secretário de estado pode ser tudo, incluindo trabalhar no gabinete de um "reles" autarca mas a mulher de um antigo e "menor" secretário de estado, entretanto promovido a "senhor" ministro, deixa de ter direito seja ao que for, incluindo continuar a trabalhar com o tal "reles" autarca que entretanto foi promovido ao cargo de um "menor" secretário de estado. Não me gozem (LFM)

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