Dezenas de
venezuelanos protestaram em Caracas contra a crise política, económica e social
que atinge o país e pediram eleições "com garantias", defendendo que
a antecipação das presidenciais pretende retirar-lhes "o direito de
escolher".
"A
Venezuela está na rua. Em cada canto do país há um venezuelano que protesta, há
vozes por causa da fome, que reclamam por medicamentos, vozes por causa da
violência, pelos abusos de poder, a escassez, a repressão, vozes e vozes que
reclamam", lê-se num documento da Aliança Protesto Pacífico, citado pela
agência noticiosa espanhola Efe. Esta aliança, criada durante os protestos
contra o Governo de Nicolás Maduro que se prolongaram entre abril e julho do
ano passado, também rejeitou a antecipação das eleições presidenciais para
antes de maio.
O Presidente da Venezuela instou a Assembleia
Constituinte (AC, composta unicamente por apoiantes do regime) e o Conselho
Nacional Eleitoral a marcarem a data das próximas eleições presidenciais que
devem ocorrer até finais de abril. "Como Chefe de Estado, de maneira
respeitadora, insto a Assembleia Constituinte e o Poder Eleitoral, a que o mais
tarde na segunda-feira, façam o anúncio da data das eleições presidenciais para
que a Venezuela entre numa grande festa de ideias, numa grande batalha pela
verdade", disse durante um encontro com jornalistas, que foi transmitido
pela televisão estatal venezuelana. No protesto, os manifestantes expressaram o
seu repúdio pelas detenções por motivos políticos, a inflação, a escassez de
comida e medicamentos, as condições em que se encontram os hospitais. "A
lista de violações por parte do Governo às garantias constitucionais é
incontável", disse Marielena Ramírez, membro da formação, enquanto lia o documento.
A representante considerou que o anúncio das presidenciais para antes de maio
pretende retirar à população "o direito a escolher, através da imposição
de um processo eleitoral sem garantias".
Além disso,
a aliança sublinhou o "desrespeito pela vida quando [o Governo] rejeita a
ajuda humanitário, o aumento progressivo da perseguição e repressão contra os
dissidentes, incluindo desaparecimentos forçados", criticando também o
"desrespeito da vontade popular ao ignorar a Assembleia Nacional",
onde a oposição é maioritária.
A Venezuela
vive uma situação de crise, marcada pela inflação (no ano passado, foi de
2.600%, segundo o parlamento), e pela escassez de medicamentos e alimentos.
Somam-se
ainda as tensões políticas entre o Governo e a oposição, que reclama
"garantias constitucionais" para as eleições presidenciais que foram
convocadas recentemente pela Assembleia Nacional Constituinte, composta apenas
por apoiantes de Maduro, para antes de maio (SIC-Notícias)
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