sábado, novembro 26, 2016

Marrocos: TV pede desculpas por rubrica de maquilhagem para mulheres agredidas

Em Marrocos, a polémica estalou nas redes sociais por causa da rubrica de um programa matinal exibida na véspera do Dia Internacional de Eliminação da Violência contra as Mulheres. Um canal de televisão marroquino pediu desculpas esta quinta-feira depois da divulgação “inapropriada” de uma rubrica sobre maquilhagem para esconder contusões de mulheres agredidas, uma questão que tem sido fortemente criticada nas redes sociais. No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a emissão matinal do programa Sabahiyate, difundido pelo canal 2M, quis “mostrar o tipo de maquilhagem a usar por uma mulher agredida”. Na rubrica via-se o rosto falsamente inchado de uma mulher sentada num cadeirão, mas a apresentadora avisou que não eram lesões reais, apenas “efeitos cinematográficos”.

“O verde é usado com a ajuda de um pincel para camuflar os hematomas”, seguido de “um corrector laranja e uma base amarelada para cobrir o olho roxo”, explicava a apresentadora, dizendo esperar ter dado “soluções às mulheres que precisam desses conselho, para que elas possam continuar a viver e voltar ao trabalho”. A rubrica foi para o ar na quarta-feira de manhã e passou quase despercebid. Mas continuava na página do canal na Internet nesta quinta-feira, onde foi visto pelos internautas, suscitando uma avalanche de comentários críticos nas redes sociais, até que foi retirado do site. “A 2M decidiu celebrar o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres com dicas de maquilhagem anti-golpes!”, escreveu um internauta. “Meninas e senhoras, o canal 2M propõe-vos as soluções para tirar o azul das vossas caras se foram alvo da ira dos vossos maridos, pais ou irmãos”, escreveu outro. “Olhos roxos, nódoas negras, não são graves! A maquilhagem da 2M é milagrosa”, ironiza um terceiro. Num comunicado divulgado quinta-feira, a direcção da 2M considerou a rubrica “completamente inapropriada” e apresentou as suas “desculpas sinceras por aquele erro de avaliação (…) dada a sensibilidade e a seriedade do assunto”. Segundo a ONG Human Rights Watch, “os actos brutais cometidos contra as mulheres são moeda corrente” em Marrocos. “Um estudo realizado em 2009-2010 pelo Governo revelou que quase dois terços das mulheres tinha já sofrido maus tratos físicos, psicológicos, sexuais ou económicos” e que 55% das inquiridas relataram ter sido alvo de violência doméstica” (Publico)

Sem comentários: