A
pretensa polémica - porque não sei se o assunto seria já do conhecimento do
Ministério dos Negócios Estrangeiros português, como desconfio que seria -
entre Portugal e a Espanha, uma vez mais sobre as Selvagens, não sendo
propriamente uma novidade, pode esconder questões bem mais importantes,
complexas e bem mais valiosas, do que a mera redefinição da área da Zona Económica
Exclusiva portuguesa.
As
Canárias estão a ser palco, há cerca de um ano, de prospecções petrolíferas e
de gás natural que mais do que gerar a habitual polémica e contestação entre
alguns sectores da sociedade local, que temem o impacto desta acção no turismo,
parecem apontar cada vez mais, segundo a empresa espanhola Repsol, para a
possibilidade de sucesso. O sucesso aqui deve ser entendido como a descoberta
de jazidas de gás natural e de petróleo.Um,
jornal espanhol publicou recentemente um mapa de prospecções, que apontam para
áreas situadas a norte das Canárias já muito perto dos limites da ZEE
portuguesa, contando com as Selvagens. Ora sendo verdade esta suspeita, e tudo
parecer indicar que sim, a polémica em torno das Selvagens - que Espanha
insiste tratar-se de um "rochedo", o que não deixa de ser curioso...
- pode adquirir uma outra amplitude, nomeadamente económica, que não apenas
política. Estou desejando de saber qual a solução deste caso e se alguém poderá
confirmar ou não que há a possibilidade de existência de jazidas de gás natural
e petróleo nas imediações das Selvagens, provavelmente já dentro dos limites da
ZEE portuguesa, que poderão ter reacendido uma polémica que aparentemente
surgiu do nada, mas que claramente não se limita à definição dos novos limites
da ZEE. Finalmente recordo que o ministro espanhol da Economia, que abarca a
indústria o turismo, é o líder do PP das Canárias, José Manuel Soria, que
apesar de ter ganho as eleições regionais de 2011 em Canárias foi afastado do
poder devido ao acordo governativo celebrado pela Coligação Canária e pelo
PSOE. Soria mantem, ao que julgo saber, uma boa relação com João Cunha e Silva,
vice do governo regional madeirense, que deste modo poderá ser um interlocutor
importante no esclarecimento cabal de um assunto misteriosamente colocado nas
primeiras páginas dos jornais e dos noticiários televisivos.