Escreve o Correio da Manhã que “mais de metade (60 por cento) dos
hospitais do Serviço Nacional de Saúde indicaram ter falta de médicos em várias
especialidades para fazer face à procura de doentes. O problema da falta de
médicos obriga ao não cumprimento dos tempos máximos de resposta na marcação
das primeiras consultas hospitalares, revela um relatório da Entidade
Reguladora da Saúde (ERS), que reporta dados referentes a 2012. A insuficiência
de recursos humanos concentra-se especialmente nas áreas da oftalmologia, dermatovenereologia
e otorrinolaringologia. Há ainda outras especialidades clínicas também com
grande carência de médicos, designadamente ortopedia, pneumologia,
gastrenterologia, urologia, reumatologia e cardiologia. Fonte do Ministério da
Saúde afirma ao CM que foram abertas 950 vagas para recém-especialistas nos
concursos de junho e dezembro de 2012 e fevereiro de 2013. Em 2013 foram contratados
550 recém-especialistas. A Unidade Local de Saúde da Guarda queixa-se da
"crónica carência de médicos" e aponta como causa da dificuldade no
acesso aos cuidados de saúde, no caso na marcação das primeiras consultas. Já o
hospital de Cantanhede referiu que tinha, em 2012, apenas cinco médicos no
quadro, incluindo um anestesista e um cirurgião: tinham saído para a aposentação,
nos dois anos anteriores, cinco médicos. Já o hospital de Santarém refere que
os "concursos para provimento de vagas de especialidades problema ficaram
desertos nas diversas fases: candidatura, entrevista e mesmo na fase de
aceitação de lugar". Uma das soluções encontradas por algumas unidades
para o problema da falta de médicos, segundo o relatório da Entidade Reguladora
da Saúde, passou por passar especialistas de algumas valências, como cirurgia
geral e medicina interna, a fazerem consultas de outras especialidades.
Alerta para número de partos em casa
Em oito anos, o número de partos realizados em casa quase
duplicou. Passou de 480 nascimentos em 2000, para quase 900 em 2008. Ana Jorge,
ex-ministra da saúde, alertou para "estas orientações e modas",
sublinhando que "são um risco enorme e uma prática grave". A pediatra recorda a morte da australiana Caroline Lovell, uma das
grandes defensoras dos partos no domicílio, durante o parto, na sequência de
complicações cardíacas.
Erros na referenciação dos centros
Cerca de 40 por cento dos hospitais apontaram erros na
referenciação dos centros de saúde na marcação das primeiras consultas
hospitalares e ainda referiram falhas na articulação entre as unidades. Como
exemplo do problema são referidos erros na referenciação geográfica e na
referenciação para especialidades erradas ou com falta de protocolos”.