sexta-feira, setembro 27, 2013

Eurocéticos ganham terreno na Áustria

Li no DN de Lisboa que "a coligação de 'bloco central' entre socialistas e conservadores irá provavelmente continuar a governar a Áustria depois das eleições legislativas do próximo domingo, nas quais a direita eurocética deverá contudo aumentar a sua votação. Segundo as sondagens mais recentes avançadas pelos jornais vienenses Der Standard e Kurier, o SPÖ (socialistas) do chanceler Werner Faymann será o partido mais votado no escrutínio do dia 29, mas ficando ligeiramente abaixo dos 29,2% obtidos em 2008. O ÖVP (conservadores), liderado por Michael Spindelegger, deverá obter o segundo lugar, com uma votação na ordem dos 25%. Desde a II Guerra Mundial que o governo de Viena tem sempre sido liderado por socialistas ou conservadores. Embora tenham vindo a perder peso eleitoral para outros partidos nas últimas décadas, SPÖ e ÖVP deverão continuar a ser os mais votados na escolha dos 183 deputados ao Nationalrat (conselho nacional, câmara baixa do parlamento austríaco). No atual 'bloco central', o socialista Faymann é primeiro-ministro mas os conservadores ocupam pastas cruciais: Spindelegger é o ministro dos Negócios Estrangeiros e a também conservadora Maria Fekter é ministra das Finanças. Na política para a Europa, pouco diferencia SPÖ e ÖVP. Ambos defendem as atuais políticas de contenção orçamental da chanceler alemã, Angela Merkel. Em entrevista ao jornal Die Presse, o socialista Faymann disse sentir-se "próximo" da sua homóloga alemã: "Há uma agradável cooperação. Isso não significa que tenhamos sempre o mesmo pensamento político. Mas gosto muito da forma como Angela Merkel trabalha", afirmou o atual chanceler austríaco. As sondagens dão o terceiro lugar ao FPÖ (extrema-direita), com cerca de 20%. O líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, propôs esta semana um referendo ao Mecanismo de Estabilização Financeira da zona euro (MES, fundo que financia os resgates a membros da "eurolândia").
"O povo [austríaco] deve ter liberdade de escolha" quanto à participação no MES, disse na semana passada Strache ao jornal Wiener Zeitung. Do lado eurocético também surge o "Team Stronach", movimento fundado pelo milionário Frank Stronach e que este ano se apresenta pela primeira vez em legislativas. As sondagens chegaram a dar mais de 16% a Stronach, que defende a saída da Áustria da zona euro. No entanto, a campanha de Stronach -- que viveu mais de 50 anos no Canadá e fala alemão com sotaque -- teve vários sobressaltos, e os estudos de opinião preveem agora que o seu partido deverá ficar abaixo dos 10% dos votos. Os Verdes, liderados por Eva Glawischnig, deverão aumentar a sua votação para perto de 15%. O outro partido com representação parlamentar, o BZÖ (movimento criado pelo populista Jörg Haider), está em risco de não atingir a fasquia de 4%, mínimo necessário para eleger deputados. A crise europeia teve relativamente pouco impacto no debate eleitoral. A campanha foi dominada por acusações mútuas entre os partidos relativamente a casos de corrupção, cálculos sobre possíveis coligações governamentais e receios quanto à evolução futura da economia. O presidente da Câmara do Comércio austríaca, Christoph Leitl, disse recentemente que a Áustria está "em decadência", acusando o 'bloco central' de evitar reformas económicas difíceis. Apesar deste pessimismo, a Áustria é dos países mais prósperos da Europa. Com território e população ligeiramente inferiores a Portugal (83,5 mil km2, 8,4 milhões de habitantes), tem a taxa de desemprego mais reduzida da zona euro (4,5%). Segundo a Comissão Europeia, o PIB austríaco deverá crescer 0,6% este ano, 1,8% no próximo".