Segundo o Publico, num texto da jornalista Raquel Almeida Correia, "as dívidas do sector público a fornecedores mantiveram em Junho o ritmo de abrandamento já registado no mês anterior, recuando para 5130 milhões de euros. Mas esta descida só foi possível graças aos pagamentos na saúde, que alcançaram 120 milhões em Junho. Sem a liquidação de facturas por parte dos hospitais-empresa, o valor dos pagamentos em atraso teria chegado a 5250 milhões, mais 0,9% face a Maio. Os dados da execução orçamental, conhecidos quinta-feira, mostram que os hospitais do Estado continuam a encabeçar a lista de maiores devedores, tendo chegado ao final do primeiro semestre com uma dívida de 1877 milhões de euros, o que representou um decréscimo de 6% face ao mês anterior. Segue-se a administração local, com facturas por pagar de 1584 milhões de euros. Juntos, estes dois sectores representam quase 70% da dívida do sector público. Já os atrasos dos governos regionais da Madeira e dos Açores chegaram a 1319 milhões em Junho, manifestando uma tendência de subida, já que o valor cresceu 5% face a Maio. O mesmo aconteceu com a administração central e o subsector da saúde, que aumentaram as dívidas em 14,8 e 6,9%, para, respectivamente, 155 e 216 milhões de euros. Quanto às empresas públicas reclassificadas, que contam para o défice, e não reclassificadas, registou-se um recuo de 11,8% para 82 milhões de euros. Na execução orçamental, explica-se que foram transferidos, até agora, 750 milhões de euros para o SNS, dos 1500 milhões que estão previstos no Orçamento do Estado para 2012, decorrentes do encaixe conseguido com a transferência dos fundos de pensões da banca. Deste valor, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) pagou aos hospitais-empresa 234,7 milhões até Junho, mas estes só usaram 120 milhões até àquele mês para pagar aos fornecedores. Em Julho, o valor das transferências para a ACSS subiu para 474 milhões, mas o Ministério das Finanças não esclareceu que parte já foi aplicada na liquidação de facturas até essa data. O dinheiro dos fundos de pensões não pode ser directamente injectado nos hospitais porque, estando estes fora do perímetro das contas públicas, isso iria aumentar o défice. A solução encontrada foi transferir as verbas para o SNS, para pagar as dívidas que a ACSS tem para com os hospitais-empresa, que ficam assim com capacidade para saldar as suas próprias dívidas a fornecedores. A não acumulação de atrasos é uma meta crucial do programa de ajustamento, que deveria estar já garantida. Contudo, o atraso na regulamentação da Lei dos Compromissos fez com que as regras para controlar novas despesas só funcionem em pleno na segunda metade do ano".
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