quinta-feira, agosto 23, 2012

Banco de Portugal mostra que salários têm de cair 10%...

Segundo o DN de Lisboa, “Portugal perdeu competitividade nos salários no início deste ano face à média da Zona Euro, quando deveria estar a recuperar. Apesar de ter evoluído de forma favorável nos últimos nove trimestres ( desde finais de 2009), a verdade é que a média da Zona Euro tem conseguido desvalorizar ainda mais, pressionando de sobremaneira a economia portuguesa. Segundo o boletim estatístico do Banco de Portugal, o índice cambial efetivo real ( deflacionado pelos custos unitários do trabalho) caiu no primeiro trimestre, mas não tanto como aconteceu na média da Zona Euro, o que indicia que os ordenados nacionais poderão ter de cair mais num futuro próximo para compararem bem em termos europeus. Desde finais de 2009, o índice cambial efetivo real ligado aos ordenados caiu 6% em Portugal, enquanto na Zona Euro o recuo foi de 14%. Na altura Portugal era cerca de 1,2% mais “caro” face à média da Zona Euro, mas essa diferença agora engordou para mais de 10% no primeiro trimestre de 2012. Ou seja: neste momento, Portugal precisa de ter salários reais 10% abaixo do nível atual ( pelo menos) para conseguir competir taco a taco com os parâmetros dos parceiros da Zona Euro. Os dez pontos percentuais em causa resultam da diferença entre o índice de 101,8 pontos de Portugal e os 91,6 pontos da Zona Euro no primeiro trimestre. Portanto, este indicador mostra se as remunerações estão a dificultar ou não a estratégia de embaratecimento relativo da economia, se estão a dificultar as exportações ou não, mesmo as vendas que vão para o espaço da união monetária. É também um indicador muito usado pelos decisores de política económica e monetária ( Governos, Comissão Europeia, BCE) para argumentar a favor da forte redução/ moderação salarial que é “necessária” nas economias em ajustamento, como é o caso de Portugal. Obviamente, os dados ontem divulgados pelo Banco de Portugal no boletim estatístico ainda não refletem as várias medidas de austeridade que deverão afetar a economia, nomeadamente os ordenados do sector privado, ao longo dos próximos anos. Não refletirão a gradual exigência do regime do subsídio de desemprego, que tendencialmente obrigam as pessoas a aceitaram ordenados cada vez mais baixos para obterem um emprego; nem as alterações profundas ao Código do Trabalho, em vigor desde 1 de agosto, que supostamente começarão a surtir um efeito crescente de redução dos custos laborais ao longo dos próximos anos; nem as revisões radicais que o Governo diz pretender fazer nos esquemas de contratação coletiva, por exemplo. Esta medida de competitividade externa usada pelos decisores europeus não é, contudo, consensual. Num estudo sobre Portugal, Irlanda e Grécia, dois economistas do Banco de Investimento Asiático, Jesus Felipe e Utsav Kumar, defendem que o problema“está relacionado com o tipo de produtos que exportam e não com o facto de o trabalho ser caro”.

O Norte é a região com mais salários abaixo de 310 euros

O número de portugueses com salários inferiores a 310 euros por mês aumentou 9,4% face a 2011. O Norte destaca- se como a região que mais contribui para este crescimento, com mais 7600 pessoas no escalão mais baixo de remuneração, segundo o INE. No total, o Norte já emprega 57 mil trabalhadores com salários abaixo de 310 euros. São 37% do total nacional. A segunda região com maior incidência de salários baixos é Lisboa, com 38,7 mil trabalhadores ( mais 3400 do que há um ano), seguida pelo centro”.

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