quarta-feira, outubro 19, 2011

Outra vez Sócrates: Offshore congelada na Inglaterra...

Segundo as jornalistas do Correio da Manhã, Ana Luísa Nascimento e Sónia Trigueirão, “o Ministério Público (MP) mandou arrestar uma conta offshore com 44 mil euros no banco Lloyds, na ilha inglesa de Guernesey, detida por António José Morais e a sua ex-mulher Ana Simões – ambos arguidos no processo Cova da Beira por suspeitas de corrupção na adjudicação da obra da central de compostagem de lixo à empresa HLC. O pedido foi feito em 2009, mas só este ano foi concretizado pelas autoridades inglesas. A denúncia anónima que deu origem à investigação da Polícia Judiciária, em 1997, garantia que o dono da HLC, Horácio Carvalho, teria pago cerca de 1,5 milhões de euros ao presidente da Câmara da Covilhã, Jorge Pombo, ao seu assessor João Cristóvão e a José Sócrates, então secretário de Estado do Ambiente, para viciarem o concurso da obra. A empresa Ana Simões & Morais, pertencente ao ex-professor de Sócrates, António Morais, e à ex-mulher deste, teria sido o veículo da viciação, uma vez que tinha a função de elaborar um relatório sobre as empresas candidatas, que acabou por ser positivo para a HLC. No decorrer da investigação, apenas se conseguiu seguir o rasto a 58 mil euros. Sócrates e Cristóvão nunca foram alvos de buscas domiciliárias por decisão do Ministério Público. Já nas buscas domiciliárias a Horácio Carvalho, a PJ encontrou o rasto de pelo menos quatro transferências para António Morais. Duas delas faziam mesmo referência, no objecto de pagamento, a consultadoria prestada pelo arguido sobre o processo da Cova da Beira. Desde 2003 que a Polícia Judiciária e o Ministério Público sabiam da existência da conta. Tanto que em resposta a um pedido das autoridades portuguesas nesse ano, o banco Lloyds informou que estavam à ordem os cerca de 58 mil euros. Actualmente a mesma conta terá menos 14 mil euros. Tanto o empresário Horácio Carvalho como António Morais alegam que o dinheiro resulta de pagamentos por serviços prestados pelo segundo em obras semelhantes à da Cova da Beira no estrangeiro, nomeadamente na Polónia e em Inglaterra. Duas das testemunhas de Horácio Carvalho ouvidas em Inglaterra confirmam esta versão e acrescentam saber que houve um erro no processamento das transferências. Segundo dados do processo, Ana Maria Simões alega que não sabia da existência da conta. Morais tentou passar a titularidade da conta para a filha numa altura em que já decorria a investigação, em 1999.
ARGUIDA CONTA MAUS TRATOS NO PROCESSO
Ana Simões, ex-mulher de António Morais, garante que era o ex-marido quem controlava a empresa Ana Simões & Morais e que muitas vezes assinava documentos sem os ler porque este surgia com eles quando estava com pressa. A arquitecta fala da sua vida conjugal no processo para mostrar o tipo de relação que tinha com António Morais e demonstrar que a sua vida era controlada. "Nunca a vida foi fácil para a arguida durante o casamento e piorou após o divórcio", lê-se no documento feito pela sua defesa, que acrescenta: "Após o divórcio, em 2004, os maus tratos de que foi vítima durante o casamento pelo seu marido, não só se mantiveram como se acentuaram". A arguida fala em violência psicológica durante anos e explica que até a criação da empresa Ana Simões & Morais foi "pensada por António Morais", e que ela se "limitava a colaborar com o seu saber técnico em trabalhos de arquitectura que eram pedidos à sociedade" A defesa de Ana Simões conclui que a arquitecta "não negociava nada nem controlava receitas e custos". Aliás, é através do ex-marido que tem conhecimento de que foi adjudicada à empresa a elaboração do programa de concurso e caderno de encargos para a construção da estação de tratamento de lixos da Cova da Beira. Ana Simões revela ainda que apesar de ter assinado como gerente da empresa o caderno de encargos, não foi ela quem o elaborou”.

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