terça-feira, dezembro 14, 2010

Açores: Ordem dos Médicos interpõe Providência Cautelar ao governo

Segundo o jornalista do Diário dos Açores, Manuel Moniz, "o Conselho Regional dos Açores da Ordem dos Médicos interpôs uma providência cautelar contra o Governo Regional relativamente aos cortes dos serviços de urgência hospitalar recentemente decretados. Este processo deu entrada no Tribunal Administrativo de Ponta Delgada há cerca de dez dias, tendo o Governo Regional já sido citado. “Esclarecimentos e alertas não bastam, pois temos um compromisso ético e legal de defesa da qualidade dos cuidados médicos que são prestados à população” refere a nota da Ordem, reconhecendo que “temos procurado fugir a uma controvérsia de exposição mediática, mesmo que pretendida pelo Governo, procurando esclarecer e alertando relativamente às graves consequências, directas e indirectas, que tais medidas implicam para a assistência básica dos doentes nos Açores”. A Ordem dos Médicos manifesta igualmente a sua “grande preocupação relativamente ao modo como todo este assunto tem sido conduzido e tudo fará para cumprir as obrigações que tem perante a sociedade açoriana em defesa de uma medicina qualificada e do respeito pelos doentes”. O objectivo, segundo Eduardo Pacheco, é o de “repor a situação que existia antes e o lógico será que a partir daí se possa dialogar de novo, com novas propostas e sem cortes assistenciais abruptos”.
Anúncio para Psiquiatra de ouro...
As preocupações são ainda maiores depois de se saber que havia uma oferta no mercado de trabalho nacional para duas vagas de “prevenção psiquiátrica” (sem presença física) por um preço quase astronómico. Um médico local decidiu responder ao anúncio e obteve as condições que a empresa Morecare tinha para dar: um ordenado de 50 euros por hora, num horário de 60 horas semanais, a partir de Janeiro e inicialmente por dois meses, para “uma unidade hospitalar nos Açores”. Ou seja, cada médico iria receber 12 mil euros por mês para fazer prevenção – o mesmo modelo que o Governo optou por cortar quando era feito pelos médicos residentes e a um valor bastante mais baixo. A estes custos deverão adicionar-se outros relativos à publicitação e outsourcing da empresa – que se define como “empresa especializada no desenvolvimento de projectos de recrutamento, selecção e outsourcing na área da saúde”. Para além dos 3 mil euros semanais, os candidatos terão ainda direito a “viatura, viagem e alojamento a cargo da empresa”, como está publicitado. Segundo uma fonte contactada pelo DA, um médico psiquiatra em presença física nocturna custa à Região cerca de 20 euros por hora, o que num horário das 24h00 às 8h30 custa cerca de 170 euros. Caso o médico esteja apenas em prevenção, o preço é metade – 10 euros por hora, ou 85 euros por noite. Isso significa que estes médicos custariam mais do dobro que os médicos em presença física que estavam antes em funcionamento – e cerca de 5 vezes mais que os médicos locais em prevenção. Caso o modelo que o Governo pretende agora implementar se arraste pelo período de um ano, o prejuízo é evidente: 31 mil euros pelo modelo que estava em vigor, e 155 mil euros pelo novo modelo de médicos importados (ou seja, 5 vezes mais, ou um prejuízo de 124 mil euros, que representa um aumento de 400%...".

Sem comentários: