quinta-feira, dezembro 23, 2010

Tudo o que vai ficar mais caro em 2011

"A vida dos portugueses vai ficar mais difícil em 2011, com o habitual aumento dos preços dos produtos. O próximo ano promete ser uma dura prova para a ginástica orçamental das famílias portuguesas. Entre reduções salariais na Função Pública - e a previsível contenção no sector privado - cortes nos apoios sociais, congelamento de pensões e subidas nos impostos, é de esperar que muitos preços subam acima da inflação prevista. Para 2011, o Executivo aponta para uma aceleração dos preços de 2,2%, mas em muitos casos as subidas vão superar esse valor. Contas feitas, "o rendimento disponível das famílias vai diminuir", aumentando "a dificuldade de fazer face aos compromissos assumidos", diz o sociólogo Pedro Adão e Silva. E por tudo isto, "o problema já não se coloca apenas para os que estão fora do mercado do trabalho", abrange também aqueles que estão empregados e se vêem obrigados a gerir cuidadosamente o seu orçamento, continua o especialista. Mas nem era preciso que os preços subissem para perceber que a vida dos portugueses vai ser mais complicada em 2011. De acordo com a economista-chefe do BPI, Cristina Casalinho, bastava o aumento da carga fiscal para se perceber que as dificuldades iam ser acrescidas. O aumento dos preços "é mais um factor que pesa negativamente sobre o rendimento disponível das famílias mas já havia outros", explica a economista. Em 2011, a factura da luz, por exemplo, vai ser agravada em 3,8%, o que significa mais 1,5 euros mensais olhando para um consumo médio de 41 euros. Os encargos serão mais baixos para famílias vulneráveis, que podem contar com uma tarifa social onde o aumento máximo deverá rondar 1%. Já os preços do gás natural, válidos até 30 de Junho de 2011, contam com subidas entre 2,6 e 4,1%. As notícias são melhores no caso da água, com a EPAL - que abastece cerca de três milhões de pessoas da margem Norte do rio Tejo - a prometer um congelamento do actual preçário. Mas são as autarquias que têm o poder de fixar as tarifas de água o que, aliás, justifica grandes disparidades no país.
Nos bens essenciais, a subida anunciada para o pão é de 12% ainda que muitos industriais do sector já tenham antecipado o aumento este mês. E o crescimento do preço das matérias-primas em geral faz antever subidas nos preços de vários alimentos. Depois, são as portagens (da rede Brisa) a subir 0,6%, a que acrescem os 2% suplementares decorrentes do aumento da taxa de IVA. Aliás, a fixação deste imposto para 23% vai reflectir-se na roupa, calçado, tabaco e até automóveis. Olhando para os transportes, é de esperar uma subida entre 3,5 e 4,5% no preço dos bilhetes. Já a viagem de táxi vai custar mais 5%, que se reflecte na redução do período de contagem do taxímetro, que passa de 41 para 37 segundos. Isto apesar do valor da bandeirada se manter.
No caso dos combustíveis - e ainda que não seja possível antecipar aumentos concretos em 2011, uma vez que os preços são revistos periodicamente - é de esperar que a subida do preço do gasóleo possa chegar a quatro cêntimos por litro já em Janeiro. A justificar este crescimento está a subida do IVA e o fim da isenção fiscal ao biodiesel. E como em 2011 muitos analistas esperam que o petróleo ultrapasse a barreira psicológica dos 100 dólares, é de esperar que os aumentos sejam expressivos no caso dos combustíveis. E enquanto os preços sobem, alguns salários descem. Na Função Pública, o corte será entre 3,5 e 10% e no privado não é de esperar grandes subidas. Aliás, no caso do salário mínimo, os patrões já garantiram que não há condições para a subida de 475 para 500 euros (5,3%) logo em Janeiro.
Alguns dos produtos que vão ter agravamentos superiores a 2,2%
Inflação - Para 2011, o Governo prevê que a inflação fique em 2,2%. É este o valor inscrito no Orçamento do Estado para o próximo ano, que, para 2010, estima que a inflação fique em 1,3%.
Portagens - A Brisa já indicou que as tarifas de portagem vão subir 0,6%, valor a que acresce o aumento de dois pontos percentuais relativas ao aumento do IVA. A variação real média fica em 2,3%. Luz - A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos confirmou a proposta de aumento de 3,8% no preço da electricidade. Isto traduz-se numa subida média de 1,5 euros mensais para as famílias.
Gás - Os preços do gás natural estão fixados até 30 de Junho de 2011. Para consumidores domésticos, serviços e pequena indústria, o aumento varia consoante a região e oscila entre 2,6 a 4,1%.
Bilhetes de transporte - O Governo já confirmou que os passes sociais vão aumentar 3,5% enquanto as restantes tarifas de transporte vão subir 4,5% no próximo ano.
Táxis - As viagens de táxi vão ficar 5% mais caras em 2011. Isto porque o período de contagem do taxímetro vai baixar de 41 para 37 segundos. Já o valor da bandeirada mantém-se.
Pão - Para 2011 foi anunciada uma subida de 12% no preço do pão, uma decisão que se prende sobretudo com o aumento do preço da farinha, uma das muitas matérias-primas cujo preço está inflacionado
(pela jornalista do Economico, Cristina Oliveira da Silva, com a devida vénia)

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