quinta-feira, dezembro 11, 2025

Europeus estão a ser preparados "para um cenário de aceitação de guerra"

 

Depois da Alemanha, também França anunciou medidas no serviço militar. Para os especialistas militares ouvidos pela CNN Portugal, são "sinais relevantes de que a Europa está a mudar". O serviço militar na Europa ganhou uma nova dimensão com o recente anúncio da França, que pretende recrutar 50.000 jovens voluntários até 2035 devido às "crescentes ameaças", e para o especialista militar da CNN Portugal, o major-general Agostinho Costa, este desenvolvimento é mais um sinal de passámos de "um contexto a priori pacífico para um momento onde admitimos guerra com a Rússia".

Emmanuel Macron anunciou na semana passada que a partir do próximo ano os jovens maiores de 18 anos podem voluntariar-se para o serviço militar, onde terão dez meses de treino pagos nas forças armadas. Para Agostinho Costa, "Macron não é original nesta medida", referindo-se ao facto de a França estar a seguir aquilo que é o plano de outros países como a Alemanha de expandir o seu número de militares ativos para se preparar para um possível confronto direto com a Rússia.

"Estas medidas e declarações servem para ir preparando a mentalidade [dos europeus] para um cenário de aceitação de guerra", defende ainda o major-general. Mas são também "sinais relevantes de que a Europa está a mudar", acrescenta o tenente-general Rafael Martins. "Esta onda de preparação é, neste momento, um recalibrar daquilo que eram os dispositivos e a capacidade da Europa de se defender, não só de uma ameaça do Leste, mas outra ameaça que eventualmente surja", sublinha.

Sobre se o anúncio francês pode influenciar Portugal quanto a uma eventual alteração ao serviço militar, Rafael Martins lembra que "há uma reflexão que tem vindo a ser realizada nos últimos meses (...), relativamente àquilo que seria o serviço militar obrigatório", mas que "isso não criou atração". No entanto, afirma que política e socialmente "há uma maior aceitação (...) para a valorização daquilo que é ser militar". O tenente-general crê que há pela parte de Macron e de outros países europeus "uma necessidade de ter mais efetivos para que a Europa tenha maior capacidade de dissuasão àquilo que sejam tentações da Rússia em continuar a sua progressão para o Ocidente" (CNN-Portugal)

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