Depois de ter batido no fundo em maio passado, Marcelo Rebelo de Sousa recupera neste mês de julho. Continua, no entanto, abaixo da linha de água, com 37% de avaliações positivas e 53% de negativas, de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. E há um novo sinal de alerta para Belém: os portugueses confiam mais no primeiro-ministro (33%) do que no presidente da República (27%), um resultado inédito nestes barómetros. Depois de uma primavera envolta em polémicas, com os comentários controversos sobre os “comportamentos rurais” de Luís Montenegro, a lentidão de um António Costa “oriental” ou a necessidade de “pagar os custos” da escravatura e do colonialismo, Marcelo Rebelo de Sousa foi contemplado com a pior avaliação de sempre. Quando entramos no verão, e apesar de permanecer o incómodo do “caso das gémeas”, com sucessivas audições na comissão de inquérito parlamentar, o presidente da República parece iniciar o caminho da recuperação.
Não é o suficiente, no entanto, para regressar aos níveis de popularidade do passado. Ainda que tenham aumentado as avaliações positivas (de 32% para 37%) e reduzido as negativas (de 60% para 53%), Marcelo regista um saldo negativo de 16 pontos percentuais. Considerando todos os barómetros da Aximage para o JN, DN e TSF, é apenas a terceira vez que fica no vermelho. As outras foram em maio passado (saldo negativo de 28 pontos) e em dezembro de 2023 (saldo negativo de 17 pontos), esta última na sequência da crise política precipitada pela queda do Governo e do espoletar do “caso das gémeas”.
Positivo só na AD
Quando se analisam os resultados em cada segmento da amostra, há um único caso em que o presidente regressa a terreno positivo: entre os eleitores da AD obteve 46% de avaliações positivas, o que lhe permite ficar um ponto acima da linha de água. Ao contrário, é nos restantes partidos à Direita que o castigo é mais pesado, em particular entre os eleitores da Iniciativa Liberal.
Outro sinal de esperança de melhores dias para Marcelo Rebelo de Sousa chega da Área Metropolitana do Porto, em que consegue tantas avaliações positivas quanto negativas (45%). No resto do país, parece mais difícil recuperar a popularidade, em particular no Norte e no Sul, regiões onde regista um saldo negativo de 24 pontos.
No que diz respeito ao género, e tal como no barómetro anterior, as mulheres são um pouco mais benevolentes (saldo negativo de 10 pontos) do que os homens (saldo negativo de 22 pontos).
Se tivermos em conta a idade dos inquiridos, destacam-se os mais jovens (18 a 34 anos), por serem um pouco menos críticos do que os outros escalões etários na avaliação ao presidente da República, ainda que também entre aqueles o saldo seja negativo (seis pontos).
Europa
Escolha de Costa para Conselho Europeu é positiva para Portugal
António Costa foi o escolhido para presidir ao Conselho Europeu e, de acordo com os portugueses, isso é positivo para Portugal (68%). O papel de Luís Montenegro, que se empenhou nessa eleição, também é motivo de elogio (70%), de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. O ex-primeiro-ministro socialista já era apontado como o favorito há vários meses. E foi mesmo ele o escolhido para suceder ao belga Charles Michel, a partir de 1 de dezembro deste ano, na liderança do órgão em que se reúnem os chefes de Estado e de Governo dos 27 países da União Europeia e onde são tomadas as decisões mais importantes para o futuro da Europa. Mais de dois terços dos inquiridos (68%) consideram a escolha positiva, com destaque para quem vota no PS (93%), mas também para os eleitores da AD (76%). Quem mais torce o nariz à escolha são os que votam no Chega (46%) e na IL (44%). Recorde-se que António Costa suscitou algumas resistências entre governantes que fazem parte da família do Partido Popular Europeu (PPE), que argumentaram com o facto de o socialista estar envolvido na Operação Influencer. E também terá sido fundamental a intervenção de Luís Montenegro (o PSD faz parte do PPE). Os portugueses dão-lhe razão: 70% acham que o atual primeiro-ministro fez bem em defender a candidatura de Costa, com destaque para os eleitores do Livre (93%), do PS (90%) e da AD (84%).
Confiança
Um facto inédito
É a primeira vez que um primeiro-ministro vence o presidente da República, quando se pergunta aos portugueses em quem têm mais confiança: Luís Montenegro consegue 33% e Marcelo Rebelo de Sousa 27%.
Porto com Marcelo
O melhor resultado de Montenegro é na região Norte (42%). Mas também fica à frente no Centro, em Lisboa e no Sul. Marcelo só vence na Área Metropolitana do Porto (29%) e apenas por dois pontos de diferença.
Divisão de género
Há uma divisão de género neste jogo da confiança: os homens confiam mais no primeiro-ministro (38%), enquanto as mulheres continuam fiéis ao presidente da República (30%), mas neste caso por apenas um ponto (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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