A pandemia trouxe consigo uma grave crise económica mundial, que acabou por alterar os hábitos de consumo e vários planos que estavam agendados para 2020 e 2021. Por cá, os portugueses fazem cada vez menos planos de vida, sentem dificuldade em pagar as suas despesas fixas e mal conseguem suportar despesas extra. As conclusões constam do mais recente estudo do Observador Cetelem, publicado esta quinta-feira, que adianta que em Portugal apenas uma em cada cinco pessoas tem planos de vida para este ano e uma em cada três não consegue suportar despesas extra. A pesquisa avança ainda que 42% dos portugueses sentem dificuldades no pagamento de despesas fixas.
Os resultados do inquérito, que pretendia compreender o impacto da pandemia na capacidade financeira dos portugueses e nos seus projetos de vida, permitem concluir que apenas 22% dos portugueses – e das classes mais altas – têm projetos de vida planeados para este ano. Entre eles, ter filhos (4%), mudar de casa (4%), sair de casa/juntar-se com o namorado/viver sozinho (4%), mudar de emprego (3%), casar (2%) ou investir num negócio próprio (2%).
As
prioridades tiveram de ser de tal forma alteradas, avança o estudo, que metade
dos portugueses inquiridos afirma que deram menos importância a produtos que
não sejam de primeira necessidade, sobretudo durante o confinamento. Ainda
assim, agora em fase de desconfinamento, mais de metade dos que adiaram as suas
compras, admitiram que as vão retomar.
A conjuntura económica também não parece favorecer a vida dos portugueses, com 42% das pessoas a revelar que têm sentido dificuldades no pagamento das despesas mensais fixas, um valor que subiu desde o início da pandemia – eram 34% em junho de 2020. Para encontrarmos um período em que as dificuldades no pagamento destas despesas foram mais acentuadas temos de recuar até 2017 (59%). As dificuldades económicas levaram a que 28% dos portugueses revelassem que já cancelaram ou renegociaram contratos de serviços e produtos. Um terço dos portugueses (33%) diz também não ser capaz de suportar despesas extras, um número que tem vindo a crescer com o agudizar do período pandémico (28% em junho de 2020).
Sobre
os métodos de pagamento para compras superiores a 300 euros, o Observador
Cetelem adianta que o pagamento a pronto se acentuou: 74% dos inquiridos
portugueses revelam que preferem este método de pagamento (69% em novembro) e
somente 26% preferem optar por pagar a crédito (31% em novembro).
Face a este contexto, a reabertura e retoma das atividades em quase todas as zonas do território nacional representa para os portugueses mais um passo no caminho da tão desejada normalidade, com a maioria (56%) a afirmar sentir-se seguro para retomar a sua vida fora de casa, mas também esperançoso (58%) e confiante (54%). Os portugueses encaram esta fase, ao que tudo indica, como o início de um contexto mais favorável para retomar parte das suas rotinas e planos vida (Executive Digest, texto da jornalista Ana Sofia Ribeiro)
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