segunda-feira, junho 04, 2018

Opinião: O erro (fatal?) do PCP...

Já toda a gente percebeu que o PCP, usando a influência que por via da CGTP possui nalguns sindicatos - função pública e transportes são as áreas privilegiadas e mais queridas à estratégia desestabilizadora dos comunistas - cujas direções são entregues a militantes e até dirigentes comunistas (veja-se o que aconteceu na Autoeuropa quando o PCP perdeu influência alegadamente a favor do Bloco e as reações que isso gerou...), tem usado o fenómeno grevista para morder o governo da geringonça, melhor dizendo, para provocar e criar obstáculos ao PS e ao seu governo.
Digamos que tivemos - e sobretudo teve o PS - um PCP antes das autárquicas de 2017 e um PCP depois das autárquicas de 2017, reduzido a menos de 500 mil votos e 9,5%.
Este fenómeno - que foi sempre o principal problema dos comunistas, depois do acordo da geringonça, por via do qual ficaram sem argumentos para influenciarem a contestação de rua - veio a acentuar-se depois do desaire eleitoral do PCP nas autárquicas de 2017, situação que os comunistas temem que se possa repetir em 2019 nas legislativas nacionais.
O problema do PCP é que está a desvalorizar algo que lhe pode ser fatal - eu creio que poderá ser mesmo fatal em 2019 se não alterar esta postura perigosa - e que tem a ver com o recurso sistemático a greves, muitas delas com alguma justificação, outras com base em pretextos absolutamente patéticos, que acabam por prejudicar os cidadãos em geral, irritando-os fortemente.
Se os socialistas, nomeadamente o governo de Costa, conseguirem colar o PCP a estre fenómeno grevista que deixa marcas de insatisfação junto dos cidadãos, tenho a certeza quase absoluta que isso vai beneficiar os socialistas enquanto o PCP voltará a ser penalizado em 2019.
Algo que o Bloco de Esquerda sabe, que teme - as eleições autárquicas de 2017 foram catastróficas (170 mil votos, 3,3%...), apesar do Bloco não ser um partido de poder local (elegeu apenas 12 representantes em todas as Câmaras Municipais portuguesas…), antes um partido parlamentar - e que por isso travou um pouco a contestação agreste contra o governo socialista da geringonça, feita por tudo e por nada. Apesar de insistir numa postura oportunista (protestar, reclamar, propor ou exigir por tudo e por nada) de se colar a tudo o que seja contestação ao governo de Costa, o Bloco teme uma excessiva colagem que tenha efeitos eleitorais. A postura do Bloco, apesar de manter em linhas gerais o populismo para-eleitoralista do costume, mudou um pouco, ao invés do PCP que agastado com as derrotas autárquicas a favor do PS, tem vindo a intensificar a contundência do discurso e a alimentar, indiretamente, a contestação na rua para dar aos olhos dos cidadãos uma imagem de um governo socialista contestado. Algo que, muito fracamente, duvido que possa resultar em mais-valia para os comunistas.

Recomendo por isso cautela porque as pessoas estão cada vez mais atentas e percebem à distância, as golpadas, os jogos duplos e o oportunismo de políticos e partidos sempre que as eleições se aproximam (LFM)

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