Já toda a gente
percebeu que o PCP, usando a influência que por via da CGTP possui nalguns
sindicatos - função pública e transportes são as áreas privilegiadas e mais
queridas à estratégia desestabilizadora dos comunistas - cujas direções são
entregues a militantes e até dirigentes comunistas (veja-se o que aconteceu na
Autoeuropa quando o PCP perdeu influência alegadamente a favor do Bloco e as
reações que isso gerou...), tem usado o fenómeno grevista para morder o governo
da geringonça, melhor dizendo, para provocar e criar obstáculos ao PS e ao seu
governo.
Digamos que tivemos -
e sobretudo teve o PS - um PCP antes das autárquicas de 2017 e um PCP depois
das autárquicas de 2017, reduzido a menos de 500 mil votos e 9,5%.
Este fenómeno - que
foi sempre o principal problema dos comunistas, depois do acordo da geringonça,
por via do qual ficaram sem argumentos para influenciarem a contestação de rua
- veio a acentuar-se depois do desaire eleitoral do PCP nas autárquicas de 2017,
situação que os comunistas temem que se possa repetir em 2019 nas legislativas
nacionais.
O problema do PCP é que
está a desvalorizar algo que lhe pode ser fatal - eu creio que poderá ser mesmo
fatal em 2019 se não alterar esta postura perigosa - e que tem a ver com o
recurso sistemático a greves, muitas delas com alguma justificação, outras com
base em pretextos absolutamente patéticos, que acabam por prejudicar os
cidadãos em geral, irritando-os fortemente.
Se os socialistas,
nomeadamente o governo de Costa, conseguirem colar o PCP a estre fenómeno
grevista que deixa marcas de insatisfação junto dos cidadãos, tenho a certeza quase
absoluta que isso vai beneficiar os socialistas enquanto o PCP voltará a ser
penalizado em 2019.
Algo que o Bloco de
Esquerda sabe, que teme - as eleições autárquicas de 2017 foram catastróficas
(170 mil votos, 3,3%...), apesar do Bloco não ser um partido de poder local
(elegeu apenas 12 representantes em todas as Câmaras Municipais portuguesas…),
antes um partido parlamentar - e que por isso travou um pouco a contestação
agreste contra o governo socialista da geringonça, feita por tudo e por nada. Apesar
de insistir numa postura oportunista (protestar, reclamar, propor ou exigir por
tudo e por nada) de se colar a tudo o que seja contestação ao governo de Costa,
o Bloco teme uma excessiva colagem que tenha efeitos eleitorais. A postura do Bloco,
apesar de manter em linhas gerais o populismo para-eleitoralista do costume,
mudou um pouco, ao invés do PCP que agastado com as derrotas autárquicas a favor
do PS, tem vindo a intensificar a contundência do discurso e a alimentar, indiretamente,
a contestação na rua para dar aos olhos dos cidadãos uma imagem de um governo
socialista contestado. Algo que, muito fracamente, duvido que possa resultar em
mais-valia para os comunistas.
Recomendo por isso
cautela porque as pessoas estão cada vez mais atentas e percebem à distância,
as golpadas, os jogos duplos e o oportunismo de políticos e partidos sempre que
as eleições se aproximam (LFM)
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