sexta-feira, setembro 15, 2017

Papa preocupado com a situação venezuelana

Durante a visita à Colômbia, Francisco reuniu com um dos mais altos representantes da igreja católica venezuelana, o cardeal Urosa. O encontro não estava previsto. Na sua recente visita à Colômbia, o Papa Francisco decidiu conceder uma audiência não prevista no protocolo da viagem, para receber altos dignatários da igreja católica romana da Venezuela, nomeadamente o cardeal Urosa – também arcebispo de Caracas, capital da Venezuela. O cardeal não foi pródigo em revelar o teor da conversa com o chefe supremo do Estado do Vaticano, mas salientou que o facto de o Papa ter aceitado alterar o protocolo da viagem para receber representantes da Venezuela é mais que suficiente para provar que o sumo pontífice está preocupado com o andamento do processo social e político naquele país da América do Sul.

Citado pela comunicação social venezuelana, Jorge Urosa Savino revelou que Francisco que disse que enviou uma carta ao presidente Nicolás Maduro em junho passado, dando nota das suas preocupações – mas não sabe se o presidente da Venezuela lhe respondeu ou não.
O cardeal esclareceu que o pontífice não lhe deu instruções precisas, mas que lhe indicou que levará em consideração aquilo que ouviu da delegação venezuelana. “Dissemos ao Papa como a crise política se aprofundou, conversámos sobre a Assembleia Nacional Constituinte, que não está prevista na Constituição, bem como sobre os prisioneiros políticos”, disse o cardeal.
O Vaticano tem sido um dos Estados mais empenhados na resolução do problema da Venezuela. Há cerca de um ano, em outubro de 2016, Nicolás Maduro foi recebido pelo Papa Francisco no Vaticano, numa visita que os analistas consideraram na altura imprevista e auspiciosa. Mas foi precisamente a partir daí que a situação na Venezuela tomou um rumo radicalizado, com o regime a decidir acabar com a voz do parlamento livremente eleito – onde a oposição da MUD é maioritária – e avançar para a eleição da constituinte, não prevista na Constituição.
Francisco manteve também vários contactos com Cuba e com Espanha (ou com o ex-primeiro ministro José Luís Zapatero) para ajudar à solução da crise venezuelana, mas os esforços têm sido infrutíferos.
Nem sempre as posições do Vaticano têm sido bem aceites pelos venezuelanos. Ainda há bem pouco tempo, em maio deste ano, declarações de Francisco foram lidas pela oposição como excessivamente pactuantes com o regime de Nicolás Maduro, o que não agradou a vários setores dos ‘contra’. Na altura, o Papa firmou que a oposição não estava toda ela de acordo, o que dificultava o diálogo com o regime, o que também não agradou a alguns membros da MUD, que disso deram nota publicamente (Público)

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