sábado, agosto 19, 2017

Grupo de “hackers” ataca sites oficiais do governo venezuelano

Um grupo de “hackers” que se autointitula "Os Guardiões Binários" atacou uma série de “websites” do governo da Venezuela, publicando mensagens contra a “ditadura” de Nicolás Maduro e de aparente apoio a um grupo de homens armados que executou um ataque contra uma base militar da cidade de Valencia, no norte do país.
Entre os sítios-alvo contam-se a morada cibernética do governo, a do Conselho Nacional Eleitoral e a da Marinha venezuelana. Uma mensagem publicada no “site” principal do Executivo fazia referência à “Operação David”, nome de código do ataque em Valencia de acordo com os media venezuelanos. “A ditadura tem os dias contados”, lia-se nessa publicação.

As autoridades venezuelanas garantem ter travado o ataque em Valencia há dois dias, que terá sido executado por um grupo de civis armados liderados por um desertor do Exército. Neste momento, informou o Presidente venezuelano, a polícia está à procura de dez homens que conseguiram escapar com armas no rescaldo do ataque e que integram um grupo de cerca de 20 pessoas, das quais duas foram mortas, uma ferida e sete detidas, acrescentou Maduro.
Um vídeo divulgado nas redes sociais antes do ciberataque às instituições venezuelanas mostrava homens de uniforme a anunciarem que estavam a rebelar-se contra a “tirania homicida do Presidente Nicolás Maduro” — que, horas depois do incidente, surgiu na televisão estatal a congratular o Exército pela sua “reação imediata” que permitiu que o ataque fosse travado às primeiras horas de domingo.
Classificando o incidente como um “ataque terrorista” executado por “mercenários”, o contestado líder da Venezuela manifestou “admiração” pelos militares e informou que as forças de segurança estão à procura dos que escaparam, prometendo: “Vamos apanhá-los”. Segundo informações oficiais do governo, entre os detidos conta-se um primeiro tenente desertor e civis que envergavam uniformes do Exército. Maduro acredita que o grupo foi apoiado por líderes da oposição ao governo socialista que estão sediados nos Estados Unidos e na Colômbia.
No vídeo publicado domingo na internet vê-se um homem que se identifica como Juan Caguaripano a dizer que o seu grupo, autointitulado Brigada 41, não executou um golpe “mas uma ação civil e militar para restabelecer a ordem constitucional”.
Entretanto, a capital venezuelana, Caracas, foi palco de uma marcha de apoio ao governo de Maduro na segunda-feira, com os manifestantes a pedirem o fim dos protestos da oposição e da violência nas ruas daquela e de outras cidades. A Venezuela está a ser palco de enormes manifestações contra Maduro desde o início do abril, com confrontos a provocarem pelo menos 120 mortos desde então.
A oposição acusa o Presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) de estar a tentar agarrar-se ao poder de forma ilegítima, sobretudo através de alterações à Lei Fundamental da nação que serão definidas pela recém-eleita Assembleia Constituinte.
O incidente em Valencia aconteceu um dia depois da primeira sessão oficial dessa assembleia, cuja tomada de posse foi adiada algumas vezes pelo governo depois das eleições de 30 de julho. Nessa sessão, o primeiro assunto votado foi o despedimento da procuradora-geral Luisa Ortega, uma ex-aliada do Presidente que se tornou uma das suas maiores críticas.
Maduro continua a defender que o novo organismo tem como principal função trazer a paz e a estabilidade de volta à Venezuela. Os críticos dizem que a criação desta assembleia, responsável por reescrever a Constituição e autorizada pelo governo a sobrepôr-se ao parlamento (atualmente controlado pela oposição), é mais uma deriva autoritarista do Presidente (Expresso)

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