"Depois de um impasse que se arrastava há mais de dois anos, a RTP vai finalmente ter um novo Acordo de Empresa (AE). A administração e os sindicatos destacam a importância da unanimidade alcançada nas negociações da proposta, a primeira na história da estação pública a ser subscrita por todas as plataformas sindicais.
"É um virar de página de uma situação de conflitualidade para um cenário de pacificação e normalização da empresa e uma peça fundamental para a RTP que estamos a construir", disse ao Diário Económico o presidente Gonçalo Reis.
O pré-acordo vai ser apresentado em plenário de trabalhadores esta quarta-feira, onde será sujeito a uma moção que os sindicatos esperam que seja favorável ao documento, uma vez que, "pela primeira vez, existe unanimidade de todos os sindicatos, algo inédito na empresa", sublinha Isabel Moreira, que representou o Sindicato dos Jornalistas nas negociações.
A dirigente sindical diz que a unanimidade acabou por resultar do "desgaste causado pelas negociações". "Decidimos fazer finca pé em quatro ou cinco questões que eram mais importantes, como por exemplo o seguro de reforma que, apesar de ser noutros moldes, se mantém. Conquistámos o seguro de reforma, que, em Dezembro, estava perdido, conquistámos emprego efectivo, quando em Dezembro havia ameaça de despedimentos, conquistámos garantias para o futuro, quando caírem as restrições da lei orçamental a que a RTP está sujeita enquanto empresa pública", revela.
Sem avançar pormenores sobre o documento, Gonçalo Reis confirma que a administração da RTP manifestou "abertura para que, logo que seja possível, analisar os processos de avaliação e progressão na carreira".
As conversações sobre o AE decorriam desde Abril de 2013, quando a anterior administração da RTP, liderada por Alberto da Ponte, denunciou o contrato. Já em Maio deste ano, mais de 120 trabalhadores da empresa subscreveram uma petição, aprovada em plenário, a exigir a republicação do anterior AE, acusando a gestão de Gonçalo Reis Reis de querer cortar nos salários dos trabalhadores, depois de ter pedido excepção salarial para os membros do Conselho de Administração.
Agora os sindicatos garantem que foi possível manter os salários líquidos dos trabalhadores e assegurar que não haverá despedimentos, uma garantia que aliás já tinha sido dada pelo presidente da empresa quando foi ouvido pelos deputados no Parlamento.
"Partimos para a negociação com a possibilidade de despedimento colectivo de 600 pessoas... ninguém foi despedido. Partimos para a negociação com cortes salariais em toda a linha e redução de despesas de pessoal que atingiam um máximo de 32 milhões de euros em três anos... terminámos com 1,4 milhões sem impactos líquidos no salário.
Pelo caminho, obtivemos o reconhecimento do papel social da empresa, reforçámos o papel dos postos clínicos e abrimos a porta a uma política de combate à precariedade na RTP dando a empresa prioridade de acesso, aos seus quadros, a quem já se encontra a prestar serviço", pode ler-se num comunicado conjunto das várias estruturas sindicais, divulgado na sexta-feira" (texto da jornalista do Económico, Catarina Madeira)
Sem comentários:
Enviar um comentário