“Francisco Lufinha é
recordista mundial de distância em kitesurf sem parar e vai tentar bater esse
recorde nos próximos dias, a contar a partir de hoje. Conhecido por desafiar os
limites, o velejador português vai tentar fazer uma travessia entre o simbólico
Cais das Colunas, no Terreiro do Paço, em Lisboa, e a cidade de Machico, na
Ilha da Madeira. Uma travessia que ronda os 1000 quilómetros e que pode durar
entre 36 a 43 horas. A partida é esta tarde pelas 16 horas.
«O objectivo desta
odisseia é bater o meu recorde (estabelecido em 2013). O segundo é tentar
levá-lo até ao máximo», diz Francisco Lufinha ao SOL. «Esta é mais uma etapa
que se vai juntar ao meu objectivo principal: percorrer todo o país pelo mar»,
adianta. Engenheiro de Gestão Industrial, Lufada (como é conhecido pelos
amigos) decidiu deixar de parte o trabalho de secretária e dedicou-se ao seu
desporto aquático de eleição. Em 2013, entrou para o livro do Guiness ao
estabelecer o recorde mundial da maior viagem de kitesurf sem paragens. O
kitesurfer ligou as cidades de Gaia e Lagos numa travessia ‘non-stop’ de 564
quilómetros e cerca de 29 horas, o seu
primeiro desafio do ‘Mini Kitesurf Odyssey’. No ano passado, Lufinha cumpriu um
segundo desafio desta odisseia depois de ter ligado em 12 horas as Ilhas
Selvagens, o território mais a sul de Portugal, ao Funchal. Para 2015, o desafio
vai ser maior e mais intenso. A preparação para a aventura que hoje se inicia
começou há cerca de um ano. Em Março último, Lufada realizou um exercício na
Piscina Oceânica de Oeiras que contou com a presença de muitos apoiantes. O
velejador esteve 36 horas sem parar em cima de uma prancha: «Fiz isto para
perceber se me aguentava em cima de uma base instável como é a prancha.
Testámos também a minha alimentação e o equipamento que vou utilizar. No final
o resultado foi bastante positivo». Para além desta
actividade na piscina, Lufinha mantém um plano de treino rigoroso que engloba
corrida, natação e exercícios de fortalecimento muscular. «Normalmente treino
quatro horas por dia. Mais do que isso é complexo para mim», sublinha. A alimentação também
sofreu uma atenção especial da sua equipa. De acordo com Bárbara Cancela de
Abreu, nutricionista que o acompanha, a dieta de Lufinha baseia-se apenas em
gorduras, para evitar as idas à casa de banho. «A cada 45 minutos vou comer.
Estão previstas 64 refeições para toda a viagem», antecipa o atleta ao SOL. A esta preparação
física e psicológica acresce também um grande trabalho a nível logístico: «Este
desafio requer que a nível logístico tudo seja pensado ao mais pequeno
pormenor. Um dos exemplos é o barco de apoio. Dada a grande distância são raros
os barcos que conjuguem as características necessárias para me acompanhar em
termos de velocidade e de autonomia», refere Lufinha. Nesta embarcação vão
seguir oito pessoas para apoiar o kitesurfer, entre elas a nutricionista
Bárbara Cancela de Abreu e Nuno Gameiro, fisioterapeuta. Em terra estarão
outras três pessoas. Estar tantas horas na água não o assusta. Para o
kitesurfer a «maior ameaça» será a falta de vento, sem o qual a viagem não se
pode realizar. «Sem vento não consigo atravessar, essa será a maior ameaça, mas
o maior perigo é se, por acaso, perder-me do barco de apoio, se tiver alguma
avaria, mas isso é o cenário menos provável», observa.
Confrontado com a
possibilidade de representar Portugal nos Jogos Olímpicos quando o Kitesurf for incluído nas modalidades
olímpicas, Lufada remete a resposta para uma outra altura: «Não sei se vou
participar. Depende de como estiver nessa altura. Para além disso, as
distâncias numa competição olímpica são mais curtas. O que mais me atrai são as
longas distâncias», esclarece o atleta de 31 anos, desde os 11 um assíduo dos
desportos náuticos. Em 2005 sagrou-se campeão nacional de Kitesurf e em 2006
vice-campeão, alcançando neste mesmo ano o 5.º lugar numa regata do mundial
PRKA (Circuito mundial de Kitesurf). Mas o que entusiasma Lufinha são os
recordes e nos próximas dias vai tentar quebrar mais um. De Lisboa à Madeira à
boleia de uma prancha de surf puxada por uma espécie de papagaio de praia. Ou
pipa, como lhe chamam os praticantes... Haja vento” (fonte: Sol)
Sem comentários:
Enviar um comentário