quinta-feira, maio 28, 2015

Eleições Legislativas: Carlos Pereira e José Manuel Rodrigues avançam no PS e CDS?

Embora, a exemplo do PSD-M, nenhuma decisão tenha sido ainda tomada - o PS ainda nem realizou o seu Congresso de eleição do novo líder - tudo indica que tanto José Manuel Rodrigues como Carlos Pereira serão os cabeças-de-lista do CDS e do PS nas eleições legislativas para a Assembleia da República que deverão realizar-se a 27 de Setembro (4 de Outubro será a alternativa). Por razões diferentes.
No caso do PS, Carlos Pereira - que foi apoiante de António Costa (ao contrário do ainda líder, Vítor Freitas que puxou por António José Seguro) - a sua candidatura quase que é uma obrigação. Não o fazer poderia dar motivo a que Pereira fosse acusado de estar a fugir a um envolvimento pessoal naquele que será o seu primeiro grande desafio político e eleitoral. As dúvidas resides quer na possibilidade de optar, por exemplo, por Bernardo Trindade na 2ª posição - este antigo dirigente regional reside em Lisboa, foi eleito membro do secretariado do PS de António Costa e terá objectivos políticos que não passam pela RAM neste momento - e no destino teria reservado a Jacinto Serrão, actual deputado e ex-líder regional socialista, que tudo indica estaria disponível para continuar em Lisboa. O PS reservará entre os três primeiros lugares da lista uma posição para uma candidata (3ª) que provavelmente só começará a ser conhecida quando Carlos Pereira divulgar a sua proposta de lista de dirigentes regionais.
Mesmo que seja eleito, admito que Carlos Pereira possa não ocupar o lugar em Lisboa, já que se refugiará no argumento, plausível, de que a sua aposta são as regionais de 2019 pelo que tem que fazer política na RAM e não fora dela. No caso do PS lograr dois assentos, é perfeitamente plausível que o futuro líder socialista regional opte por responsabilizar Trindade (a se confirmar a sua mais do que provável candidatura) pela condição política da discussão de "dossiers" importantes para a Madeira, casos da alteração da lei eleitoral, estatuto político e eventual revisão constitucional
Recordo os resultados dos socialistas na Madeira:
1999: 35,1%, 42.615 votos, 2 deputados (total de 5)
2002: 25,6%, 32.124 votos, 1 deputado (5)
2005: 35%, 49.070 votos, 3 deputados (em 6)
2009: 19,5%, 26.822 votos, 1 deputado (6)
2011: 14,7%, 20.401 votos, 1 deputado (6
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Estas eleições, no caso do PS, são um teste de dificuldade acrescida. Por um lado o PS regional não sabe a dimensão eleitoral no partido da aposta desastrada pela coligação nas regionais de Março teimosamente mantida quando o PS regional perdeu os seus potenciais parceiros desejados. Por outro lado a liderança nacional de António Costa, apesar de mais votada segundo as sondagens, continua distante, muito distante de uma posição eleitoral convincente e mobilizadora.
José Manuel no CDS
No caso do CDS, dificilmente José Manuel Rodrigues, enquanto líder regional do partido, deixará de estar obrigado a ser cabeça-de-lista. Por um lado porque não pode continuar a usar o discurso, que de pouco lhe valeu nas regionais, de pretender passar por entre os pingos da chuva, como se o CDS regional não estivesse politicamente solidário, e por isso envolvido, com a coligação e a governação nacionais. Caso José Manuel Rodrigues se colocasse à margem, mantendo-se como líder do CDS-M, isso faria com que pudesse ser acusado de estar a furtar-se a uma candidatura que será politicamente exigente, que de certeza que será desgastante e que não deixará de realizar-se marcada pela realidade social, política e económica depois de 4 anos de intensa austeridade que deixou marcas muito graves na sociedade portuguesa. O CDS não pode pensar que apenas ao PSD se colocam essas questões.
Isto coloca um problema de partilha de lugares com o actual deputado Barreto: mesmo que seja o eleito, José Manuel Rodrigues dificilmente ocuparia o lugar em Lisboa apesar de ter optado por uma posição secundarizada na Assembleia Legislativa (onde não é líder parlamentar nem foi indicado pelo CDS para liderar a comissão especializada que coube aos centristas) que em última instância poderia ser usada como indício de qualquer coisa...
Coloca-se assim a dúvida sobre se o deputado Rui Barreto, eleito deputado regional em Março passado mas que se manterá em Lisboa até final da presente Legislatura, estaria disponível - presumo que sim - para ser o 2º numa lista onde o 3º lugar seria ocupado por uma candidata centrista. Barreto continuaria deste modo em Lisboa enquanto José Manuel Rodrigues permanecesse no Funchal e caso o CDS consiga pelo menos eleger um deputado. Aliás, um mau resultado eleitoral colocaria problemas políticos pessoais a José Manuel Rodrigues, pressionando como já foi a ceder a liderança da lista de candidatos às eleições legislativas a Rui Barreto.
Recordo a evolução eleitoral do CDS nos últimos anos na RAM nestas eleições nacionais:
1999: 10,6%, 12.930 votos, sem deputados (em 5)
2002: 12,1%, 15.199 votos, sem deputados (em 5)
2005: 6,5%, 9.135 votos, sem deputados eleitos (em 6)
2009: 11,1%, 15.244 votos, 1 deputado (em 6)
2011: 13,7%, 19.101 votos, 1 deputado (em 6)

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