“Neste
vai-e-vem de notícias que diariamente inundam as redações dos meios de
comunicação, obrigando-os à adoção de critérios de seleção - que acabam por nem
sempre dar destaque merecido a notícias que o justificam cabalmente - há sempre
algumas que por terem sido preterida nesta escala de evidência, não podem
contudo ser atiradas para o "lixo" como se por causa de um golpe de
pura magia uma notícia de grande importância possa deixar de o ser só porque os
tais critérios seletivos optaram por outras.
Nessa
perspetiva, gosto de partilhar com os leitores, de quando em vez, realidades
que podendo não ser importantes, porque incómodas para o poder manipulador,
mentiroso, ladrão e aldrabão que temos em Portugal (aliás, o mesmo ocorre
noutros países europeus), dizem respeito a todos nós, ao nosso quotidiano, ao
esforço que nos tem sido exigido a todos.
A
primeira dessas notícias a que dedicarei alguma atenção esta semana – e
recomendo que as pessoas leiam pelo menos as ideias de Schulz - tem como
protagonista o Presidente do Parlamento Europeu, um alemão desalinhado que
embora alemão - há que referi-lo - tem da Europa e dos problemas dos europeus
uma visão que pouco ou nada tem a ver com o fundamentalismo
ideológico-programático de Merkel e dos seus aliados.
Martin
Schulz afirmou há dias em Bruxelas – e estranhamente foi dado pouco ou nenhum
destaque ao assunto, incluindo pelos comentadores económicos nas televisões
incluindo alguns jornalistas-“vedetas” desta área - que a Europa está a pedir
sacrifícios aos cidadãos europeus "para salvar os bancos", defendendo
a necessidade de envolver os parceiros sociais na defesa do modelo social
europeu.
"Preocupa-me que as pessoas sejam incitadas
para que se odeiem, ainda que sejam todas vítimas da crise financeira. Estamos
a pedir sacrifícios aos cidadãos, aos pais, para aceitarem salários mais
baixos, impostos mais altos e menos serviços. E para quê? Para salvar os
bancos. E os filhos estão desempregados. Se não mudarmos isso, se não voltarmos
a um tratamento igualitário e justo, as promessas feitas pela Europa não serão
cumpridas".
Martin
Schulz falava na conferência 'Um novo começo para o diálogo social', realizada
em Bruxelas na qual fez um discurso de cerca de 20 minutos, no qual dedicou
especial atenção ao desemprego jovem na Grécia e em Espanha. Schulz sublinhou
que "as pessoas falam de uma geração
perdida na Europa e que, mesmo os que têm emprego muitas vezes estão presos
numa espiral de estágios não remunerados e de contratos de curto prazo".
Depois
de ouvir estas declarações percebi que o governo da coligação de Passos Coelho
e do CDS, tudo faria, através das influências que tem na comunicação social,
para que o tema fosse abafado o máximo que fosse possível, porque além de ser
incómodo, reflete exatamente as artimanhas usadas pela governação lusa para
enganar as pessoas, aldrabar a realidade laboral portuguesa, manipulando as
estatísticas do desemprego, distorcendo os falsos resultados apresentados.
Acredito que os cidadãos mais atentos já entenderam que uma coisa é o
desemprego estatístico, outra é o desemprego real incluindo os estágios
remunerados que não são garantia de coisa nenhuma e os cidadãos que deixaram de
procurar emprego ou deixaram de figurar, por circunstâncias várias na listagem
dos desempregados.
Martin
Schulz disse também que são essas pessoas todas que "estão a pagar uma crise que não causaram e sentem que não é uma
sociedade justa", defendendo que esta "geração perdida não afeta só os jovens, mas também os seus pais, que
investiram a vida toda na educação dos filhos. Se somos capazes de mobilizar
milhões de euros para estabilizar o sistema bancário porque é que temos de
negociar com 28 chefes de Estado durante meses e meses por causa de seis mil
milhões de euros para combater o desemprego? Compreendo os que pensam que isto
não é uma sociedade justa".
O
presidente do PE realçou que "a
desconfiança é o sentimento de muita gente na Europa, problema que é
transversal tanto entre os jovens como entre os mais velhos. Preocupa-me que as
pessoas sejam incitadas para que se odeiem, ainda que sejam todas vítimas da
crise financeira. Enfrentamos um tempo em que os demónios do passado estão a
emergir: há líderes de governos democraticamente eleitos que são mostrados em
desenhos como nazis e, noutros países, as pessoas são retratadas como
preguiçosos e incompetentes e é isto que temo mais", concluiu.
Quando
lemos estas declarações e nos identificamos com as ideias de Schulz obviamente
que percebemos que os portugueses, os espanhóis, os italianos, os irlandeses, os
gregos e outros que mais tarde ou mais cedo se juntarão a todos estes, a
começar pelos “ricos” finlandeses que enfrentarão a austeridade já este ano, se
revejam no Presidente do PE e que este seja olhado como uma espécie de
porta-voz dos que mais têm sido penalizados por esta política europeia de roubalheira
e austeridade, desencadeada por esta corja de mafiosos, aldrabões, gatunos e
servos do capitalismo, da banca corrupta e da finança. Portugal incluído, e de
que maneira!" (LFM/JM)