Li no Expresso que "existia a vontade de
promover uma alteração de rumo", afirma Vítor Gaspar no livro escrito por
Maria João Avillez. Ex-ministro das Finanças não assume "erros ou
"enganos" - em geral, o resgate foi "bem sucedido". E Maria
Luís "é única". O motivo decisivo para Vítor Gaspar sair do Governo
esteve ligado a Paulo Portas, assume o ex-ministro das Finanças, no livro com o
seu nome escrito pela jornalista Maria João Avillez que amanhã estará nas
bancas. "O motivo mais decisivo, o catalizador para a necessidade de
sair", afirma Gaspar, foi "a impossibilidade de concluir atempadamente
o sétimo exame regular" da troika. E porque é que não fechou
atempadamente?, pergunta-lhe Avillez. Gaspar responde: isso "tornou-se
absolutamente claro em menos de 24 horas, no comunicado em que o ministro dos
Negócios Estrangeiros apresenta a demissão. (...) Está claríssimo que existe a
vontade de promover uma alteração de rumo". "A capacidade de
julgamento do negociador português e a sua autoridade foram claramente postos
em dúvida" com o adiamento da 7ª avaliação. Vítor Gaspar diz que "não
podia continuar nesse papel". Sem nunca criticar diretamente Paulo Portas,
com quem diz ter uma boa relação pessoal, o ex-ministro refere-se a ele como um
político "paradigmático". Gaspar define as prioridades de um político
- "procurar chegar ao poder e mantê-lo". "Eu estava mais
preocupado com a manutenção da credibilidade externa", diz. Nunca assume
que a sua política estava errada - "Não usaria a expressão engano, nem a
expressão erro" - apenas que não conseguiu os objetivos que se tinha
proposto alcançar no que toca as metas do défice para 2011 e 2012. Mas nada que
o impeça de concluir: "o Programa de Ajustanento português, de modo geral,
foi, em meu entender, muito bem sucedido". A ideia da TSU foi sua -
"o autor da medida fui eu" - em partilha com Maria Luís Albuquerque.
O ex-ministro das Finanças diz que a sua sucessora "é única" -
"alguém que combina uma grande determinação e capacidade profissional com
uma capacidade de comunicação convicta e de emparia. Na minha perspetiva, esta
combinacao torna-a única". Gaspar também elogia abundamente as qualidades
de liderança do primeiro-ministro, a quem conta ter mostrado a carta de demissão
antes de a tornar pública. O livro, que será apresentado em Lisboa, no dia 18,
pelo socialista António Vitorino, é prefaciado pelo presidente do Tribunal de
Contas. Guilherme de Oliveira Martins diz tratar-se de "um testemunho
necessário" sobre o período que antecedeu e traduziu o essencial do
resgate português”