Segundo o Jornal I, “para os inquiridos, Passos Coelho esteve mal ao
traçar um perfil que afasta o ex-presidente social-democrata da corrida a Belém
em 2016. Marcelo Rebelo de Sousa deve ser candidato a Belém no início de 2016.
Mesmo sem o apoio do partido - depois de Passos Coelho ter puxado o tapete
presidencial de baixo dos pés do ex-líder do PSD -, o barómetro i/Pitagórica de
Janeiro coloca o social-democrata como o candidato mais bem colocado, à
direita, para disputar a sucessão de Cavaco Silva. Desde logo, os inquiridos
são claros na condenação a Passos Coelho. O líder do PSD, reeleito há uma
semana, ficou mal na fotografia ao definir na moção global de estratégia que
apresentou para levar ao congresso do partido, em Fevereiro, um perfil de
candidato que, em todas as linhas, exclui Marcelo Rebelo de Sousa da corrida -
pelo menos, com o apoio do partido. Passos deu um passo em falso, na opinião de
56,7% dos inquiridos e, dentro desse universo, 17,7% consideram mesmo que a
decisão do líder social- -democrata foi "muito errada". Com uma
discreta percentagem, 8,1% secundam a posição de Passos, dando parecer
favorável à decisão do presidente do partido de "excluir" Marcelo do
leque de putativos candidatos às presidenciais - uma leitura que, logo de
seguida, foi contestada por Passos Coelho. Mas, mesmo que essa vontade venha a
ser assumida, isso não deve travar o professor universitário de se perfilar à
direita como sucessor de Cavaco Silva no Palácio de Belém, defende a maioria
dos inquiridos. No mesmo fim-de-semana em que foi conhecida a moção de Passos,
Marcelo Rebelo de Sousa disse que não seria a versão social-democrata de Manuel
Alegre - isto porque, em 2006, o socialista foi a votos como independente,
depois de ver o seu partido optar pelo apoio à candidatura de Mário Soares. A
posição assumida por Marcelo merece a discordância de 61,1% dos participantes.
É esta a percentagem de inquiridos que defendem que o social-democrata
"devia avançar com a candidatura mesmo sem o apoio do PSD". Neste
caso são sobretudo as mulheres e os eleitores que nas últimas eleições votaram
CDU e BE quem mais contribui para este resultado. Bem distantes (com 27,5% dos
votos) ficam os portugueses que consideram que, para Marcelo Rebelo de Sousa,
uma eventual corrida presidencial terminou com os adjectivos que Passos
escolheu para tratar este tema na sua moção.
O CANDIDATO IDEAL
O líder do PSD deixou claro que não quer um "cata-vento" nem
uma figura "mediática" a concorrer pelo partido a Belém. Passos vê em
Cavaco Silva o perfil ideal para a presidência da República e Marcelo não podia
estar mais distante do modelo. Mas não é essa a opinião dos inquiridos no
barómetro de Janeiro. De facto, 40,5% dos portugueses consideram que, mais que
Rui Rio ou Durão Barroso, é Marcelo quem tem melhores hipóteses de dar
continuidade ao sonho de Sá Carneiro ("uma maioria, um governo, um
presidente") e garantir para a direita o último vértice do triângulo. Com
um tempo ainda considerável em relação ao momento para a escolha definitiva de
candidatos às presidenciais, Marcelo deixa os principais adversários a muitos
pontos de distância. Para Durão Barroso, Belém não será a primeira escolha para
o pós-Comissão Europeia. E as sondagens - que lhe atribuem neste momento 9,6%
de hipóteses de vitória nas escolhas à direita - não o deverão fazer reponderar
a hierarquia de prioridades. O número dois no barómetro, Rui Rio, também não
abala a posição de Marcelo. O ex-presidente da câmara do Porto consegue, em
Janeiro, 23,1% das escolhas - a quase 20 pontos de distância do professor
universitário”