Segundo o Correio da Manhã, num texto dos jornalistas António Sérgio Azenha, Diana Ramos e Janete Frazão, "o Ministério Público está a analisar à lupa as ligações da Tecnoforma com ex-dirigentes da JSD, no âmbito do programa comunitário Foral, num período em que Pedro Passos Coelho foi seu consultor e Miguel Relvas era secretário de Estado da Administração Local, no Governo de Durão Barroso. A Tecnoforma - da qual foi accionista e administrador o secretário-geral da JSD no tempo da presidência de Passos Coelho, João Luís Gonçalves - recebeu através do Foral, entre 2000 e 2009, mais de 4,1 milhões de euros. Deste montante, segundo os relatórios finais de execução enviados pela comissões de coordenação e desenvolvimento regional enviados para a Comissão Europeia, mais de três milhões de euros dizem respeito a fundos comunitários e a restante verba, superior a um milhão de euros, foi paga pelo Estado. A empresa obteve o maior número de contratos na Região Centro, onde Paulo Pereira Coelho, ex-deputado do PSD, era presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional Centro (CCDRC). O actual primeiro-ministro foi consultor na Tecnoforma, de 2000 a 2004. E, em meados de 2005 passou a administrador, até Maio de 2007. Para já, o Ministério Público analisa os factos para tentar fazer o enquadramento de eventuais crimes. E avalia que departamento poderá avançar com uma possível investigação. O CM esteve ontem na sede da Tecnoforma, em Almada, na tentativa de obter alguns esclarecimentos por parte da administração. Presentes, estavam apenas duas funcionárias, que garantiram que todos os membros da administração já tinham saído da empresa.
PASSOS OMITIU EMPRESA NO CONSTITUCIONAL
A declaração de rendimentos entregue por Pedro Passos Coelho no Tribunal Constitucional, como primeiro-ministro, não tem qualquer referência à Tecnoforma. O actual chefe do Governo declarou a cessação de funções de administrador em várias empresas entre 2008 e 2010, como são os casos da Fomentinvest e da RibTejo. A lei obriga à declaração de cargos exercidos nos dois anos antes.
Pereira Coelho viabiliza fundos de 528 mil
O ex-deputado do PSD e ex--líder da CCDR Centro Paulo Pereira Coelho foi responsável, como presidente da ADTREC, em 2004, pela adjudicação de um contrato de mais de 700 mil euros com a Criartimagem, a que ficaria ligado, um ano depois. O responsável viabilizou o financiamento da mesma empresa e do seu contrato com 528 mil euros do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Antigo director diz que Passos não influenciou
António Silva, ex--director comercial da Tecnoforma, garantiu que "nunca" teve conhecimento de "qualquer influência política" de Passos Coelho nos negócios da empresa. O antigo vereador na Câmara de Mangualde é hoje advogado nesta cidade e, a partir de finais de 2002, entrou para o departamento comercial da Tecnoforma.
Ex-comercial diz que nunca viu irregularidades
Aníbal Maltez, ex--comercial da Tecnoforma, disse ao CM que a polémica em redor da empresa "é uma questão falsa". "Nunca vi irregularidades", garantiu Aníbal Maltez, que foi presidente da JSD de Mangualde de 1997 a 2006. Diz que, "salvo erro", trabalhou na empresa entre 2004 e 2007. Por intermédio de António Silva, admitiu".