Escreve o site da TVI que «qualquer dia chegamos a um limite de impostos de 100%. Há aqui alguma coisa que falha». Este aviso parte do ex-ministro das Finanças Bagão Félix, que participa esta terça-feira na III Conferência Antena 1/Jornal de Negócios «O Estado e a Competitividade da Economia Portuguesa», um dia depois da apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2013, que contém a maior carga fiscal de que há memória. «O primeiro objetivo deste Governo deveria ser ver primeiro a despesa e só depois ir à parte fiscal», apontou Bagão Félix. O ex-ministro admitiu que o Orçamento é «doloroso». É doloroso «para quem o faz, para quem o recomenda e para quem o vai suportar». A «dose fiscal» está inevitavelmente em destaque: «O Governo vai em 2013 considerar como solução ou como remédio para atingir défice orçamental a causa do problema de não ter atingido a meta em 2012». Em que medida? «Em 2012 temos um défice, de facto, superior ao estimado, sobretudo porque o aumento de impostos, num ambiente de recessão, gerou mais recessão e menos receita fiscal. Isto é grande ensinamento que deve ser tomado em conta. Em 2013, aumentando de forma agressiva e brutal a carga fiscal está-se a entrar uma terapêutica viciosa». Bagão Félix considera que o aumento da receita fiscal não vai dar os resultados esperados e, a esse propósito, citou os erros de previsão relacionados com as receitas no orçamento de 2012. «Há 15 mil milhões de dívidas ao fisco e nos últimos anos prescreveram 5 mil milhões de dívidas ao fisco», alertou ainda. Bagão Félix disse, também, que «há vida para além da dívida, mas também há dívida para além da vida». «Alguém terá de a pagar». Já o ex-ministro da Economia do Governo de José Sócrates, Vieira da Silva, adverte que, «de novo, a economia portuguesa vai sofrer um processo de contração superior ao previsto pelo Governo». «É cada vez mais estreito o campo dos que acreditam nesta receita». Vieira da Silva não crê que «seja impossível» que a troika «esteja disposta a negociar». Manuela Ferreira Leite também está presente nesta conferência. A ex-ministra das Finanças avisa que o país não vai melhorar através dos impostos e antecipa que o que está no Orçamento do Estado não vai ser cobrado.