terça-feira, agosto 07, 2012

Veterano do FMI tece violentas críticas ao fundo na carta de despedida

Li aqui que "um economista veterano do Fundo Monetário Internacional afirma que a incompetência, as falhas e as “desastrosas” nomeações para a liderança do FMI, contribuíram para colocar o euro à beira do precipício. Peter Doyle escreveu uma carta ao conselho executivo do fundo a explicar porque se demitiu após 20 anos de serviço, na qual diz estar “envergonhado” de alguma vez ter pertencido à instituição. Na carta, datada de 18 de junho e agora obtida pela CNN, Peter Doyle diz que os perigos derivados da crise financeira global e da Zona Euro tinham sido identificados com grande antecedência mas foram suprimidos nos relatórios emitidos pelo fundo. Doyle diz que as falhas são fruto da “incompetência” e considera “um falhanço de primeira ordem” o facto de o fundo não ter avisado de forma atempada e repetida os políticos europeus, contribuindo assim para o sofrimento generalizado na Grécia e nos outros países mais afetados pela crise. Doyle: Inação do FMI pôs euro "à beira do abismo" A falta de uma ação decisiva por parte do FMI “deixou a segunda divisa de reserva global à beira do abismo”, escreve o economista, referindo-se ao euro. Na carta, lê-se que os fracassos do FMI na vigilância da crise financeira global têm vindo a enraizar-se cada vez mais. “Após 20 anos de serviço, estou envergonhado de alguma vez ter tido qualquer associação com o Fundo”, diz Doyle, que assesta baterias às nomeações das lideranças do FMI que, segundo diz, têm sido “desastrosas” nos últimos dez anos. Segundo o economista, a direção do FMI prefere um “fundo manietado” e paralisado pelos jogos de poder da política internacional, que se desenrolam no seio dos seus escalões mais altos e estão sujeitos às próprias raízes do problema que causou o fracasso da vigilância. Doyle: Dez anos de nomeações "desastrosas" para a liderança do FMI A atual diretora-geral do fundo, Cristine Lagarde, que assumiu funções há cerca de um ano, também não é poupada: “Até a atual titular do cargo está contaminada, uma vez que nem o seu género, integridade ou elã podem compensar a fundamental ilegitimidade do processo de seleção”, escreve Peter Doyle, associando-se, aparentemente, ao coro de vozes críticas que apontam o facto de o diretor-geral do FMI ser sempre um europeu e o chefe do Banco Mundial um norte-americano. “Há aqui pessoas boas e competentes, mas esta vai trabalhar para outras paragens. Talvez devam fazer esforços para não perderem as outras”, escreveu Doyle no final da carta em que se despede do FMI. Peter Doyle foi conselheiro do departamento europeu do FMI, que coordena os programas de resgate à Grécia, a Portugal e à Irlanda e chefiou a divisão do FMI encarregada de monitorizar Israel e também a Suécia e a Dinamarca, países europeus que não pertencem à Zona Euro. Fontes do fundo consultadas pela CNN dizem que se tratava de uma figura muito respeitada no interior da instituição”.

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