segunda-feira, dezembro 13, 2010

Açores: farto!

Confesso que começo a ficar farto desta insistente polémica em torno da decisão do governo dos Açores de atribuir uma compensação financeira aos funcionários públicos que serão abrangidos pelas reduções salariais decretados pelo governo socialista de Lisboa. Farto, porque estamos perante um assunto que em meu entender, e até prova em contrário, é competência própria da Região Autónoma. Farto porque a propósito do que se passa nas ilhas há quem, sistematicamente esconda as decisões praticadas no Continente, porque há a tendência doentia para aproveitar tudo o que possa servir de pretexto para contestar as autonomias.
Quando, a reboque deste “caso” (?) assisto a uma espécie de reunir das forças claramente anti-autonomistas, para atacar ou questionar a autonomia regional e, inclusivamente, o que é grave, para defenderem um desrespeitar dos direitos das ilhas, como aconteceu com intoleráveis propostas de redução das transferências que por direito próprio o Orçamento do Estado reserva para a Madeira e os Açores. Repito, o que se passa é um assunto que diz respeito aos Açores e aos açorianos, não acho justo que os funcionários públicos beneficiados sejam prejudicados por causa das pressões organizadas, continuo a pensar que o executivo dos Açores tem competência para decidir nesse sentido, desde que tenha, e pelos vistos tem, recursos financeiros para tal. Diz o governo dos Açores que desistiu de uma obra para conseguir os recursos financeiros necessários a garantir a referida compensação. O problema diz respeito ao eleitorado dos Açores, que a seu tempo julgará o executivo socialista e o PS local. Não diz respeito a comentadores, seja eu ou qualquer outro, que na lógica das coisas, e em nome do rigor ético, podemos discordar ou não da medida, podemos discordar (o que acontece no meu caso) do facto de César dizer ela não custa nada ao Estado, quando penso que, por transferir cerca de 300 milhões de euros anuais, o Estado acaba por, directa ou indirectamente, financiar esta decisão. Não tem nada que dizer, nem deve comparar coisa nenhuma. Resolve, decide e assume a decisão. Mas, repito e reafirmo, não tolero é que nos calemos perante as investidas de centralismos, conservadorismos ou conhecidos anti-autonomismos, esfomeados e saudosistas, que se congregam todos num coro de moralistas da treta, não para atacarem Carlos César ou Alberto João Jardim, mas para contestarem a autonomia regional, tentarem desacreditá-la e proporem mesmo medidas que vão contra direitos conquistados pelas regiões autónomas. Para isso comigo não contam.

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