terça-feira, novembro 30, 2010

Açores: estudo aponta para 32 mil crianças açorianas estão a consumir álcool de forma regular

Segundo o Correio dos Açores, "os técnicos da associação ‘ARRISCA’ encontram alguns deles completamente embriagados pelas três e quatro horas da madrugada deitados nas ruas de Ponta Delgada. Grande parte utilizou o dinheiro que os pais lhes deram no consumo de álcool. Ao todo, segundo um estudo do sociólogo Alberto Peixoto, agora tornado público, são 32 mil as crianças açorianas que bebem regularmente álcool. Este é um dos dramas da sociedade açoriana. Dos cerca de 136 mil açorianos que bebem hoje regularmente álcool, 24,5% têm menos de 15 anos revela um estudo do sociólogo Alberto Peixoto tornado agora público. Contas feitas, há cerca de 32 mil crianças (menos de 15 anos) a consumir regularmente álcool nos Açores. Alberto Peixoto é doutorado em Desenvolvimento Social e Humano, mestre em comportamentos desviantes e ciências criminais e pós-graduado em direito da medicina. É, hoje, o comandante da Polícia Municipal de Ponta Delgada. Pelo estudo de Alberto Peixoto, constatou-se que, em 2004, dos cerca e 132 mil açorianos que consumiam regularmente álcool (54,4% da população) 82,7% iniciou o consumo antes dos 20 anos e, em 2009, dos 55,7% de açorianos consumidores passaram a ser 93,4% os que iniciaram o consumo regular antes dos 20 anos, ou seja, verificou-se um agravamento de 11 em cada 100 consumidores. Em 2004, dos indivíduos com 14 anos e menos, 16,2% consumiam regularmente álcool, enquanto 67% dos indivíduos, dos 15 aos 20 anos, faziam-no com regularidade. Realça Alberto Peixoto que “parece grave o facto de 16,2% dos menores de 15 anos consumirem bebidas alcoólicas com regularidade, quando por questões de metabolismo, do ponto de vista clínico, não é aconselhado o consumo de álcool antes dos 16 anos de idade”. Em 2009 a situação agravou-se, tendo passado para 24,5% os adolescentes com menos de 15 anos a consumir regularmente álcool e 72,3% dos indivíduos entre os 15 e os 20 anos que assumiam consumir álcool com regularidade. Em 2004, entre os indivíduos que tinham 15 ou menos anos, em cada cem, 13 consumiam bebidas alcoólicas com regularidade e, em 2009, em cada cem, cerca de 20 já tinham hábitos de consumo.
Dinheiro dos pais para álcool
Entre os jovens com menos de 21 anos, que bebem bebidas alcoólicas com regularidade, 86,1% gastavam até 20 euros por semana e, em 89,7%, o dinheiro era dado pelos próprios pais. O início do consumo de álcool “dificilmente é efectuado por iniciativa própria, sendo nítida a influência dos amigos/colegas” conforme se verifica entre 68,1% da população em 2004 e em 72,2% em 2009. As festas e os grupos de amigos, de modo crescente, são os locais de eleição para o início do consumo de álcool, reunindo estas duas possibilidades 71,7%, em 2004; e 75,3%, em 2009, dos casos vivenciados pela população açoriana. Dois em cada 100 jovens admitem ter iniciado o consumo de álcool na escola quando a percentagem deveria ser 0%. O facto é que em Ponta Delgada as bebidas alcoólicas podem ser adquiridas facilmente nas imediações da escola, numa clara violação às normas legais. É o que se verifica com a Escola Secundária Antero Quental, a escola básica 2+3 Roberto Ivens e com a Escola Secundária Domingos Rebelo. Se dúvidas existiam, mais uma vez se justifica, deste modo, que as campanhas de prevenção contra o alcoolismo devem ter como público alvo sobretudo jovens até aos 20 anos, sendo imperioso desenvolverem-se mecanismos atendendo a este aspecto, para que as campanhas atinjam objectivos minimamente satisfatórios. “Conhecidas que são as taxas de prevalência de consumo de álcool nos grupos etários 15-20 anos e dos 20 aos 25 anos e se cruzarmos com as taxas de sinistralidade rodoviária, nestas idades, faz todo o sentido a proposta apresentada pela IDT, em 2009, no sentido de ser reduzida a taxa de alcoolémica nos novos condutores de acordo com uma recomendação estratégica da União Europeia”, sublinha-se no estudo de Alberto Ponte. “Igual sentido” faz a proposta de se alterar dos 16 para os 18 anos a idade mínima para a venda de bebidas alcoólicas, de acordo com o que se verifica já na maior parte dos países europeus”. Recorde-se que ainda antes da IDT apresentar a proposta, o assunto fora debatido na Assembleia Legislativa Regional dos Açores e chumbado. Os dados obtidos com o presente estudo “mais uma vez demonstram as potencialidades de tal norma, desde que articulada com uma melhoria nas acções de fiscalização”.
Mulheres já bebem quase tanto como os homens na Região
Os consumidores regulares de bebidas alcoólicas representam 55,7% do total da população açoriana. Apesar disso, os Açores continuam a apresentar taxas de prevalência de consumo inferiores à média nacional. Em 2009 ocorreu uma estabilização do consumo de álcool no arquipélago em relação ao ano anterior. Em 2004, nos Açores, existiam 131.760 indivíduos consumidores regulares de álcool e, em 2009, haviam mais 4.582, em média mais 916 novos consumidores por ano. Dos indivíduos consumidores regulares de álcool, em 2009 aqueles que eram consumidores semanais representavam 86,9% e os consumidores diários de bebidas alcoólicas eram um universo de 13,1%. Em 2004, 16,9% dos consumidores bebiam álcool todos os dias, correspondendo a 21.950 açorianos. O consumo semanal era praticado por 14,3% dos consumidores, ou seja, 18.260 açorianos; e o consumo ocasional era efectuado por 68,8% dos indivíduos equivalendo a um grupo de 89.238 açorianos. Em 2009 registou-se uma diminuição de 3,8% no consumo diário de álcool, sendo este o dado apurado mais positivo em relação aos hábitos de consumo de álcool na Região. Em contrapartida, o consumo ocasional de álcool aumentou o ano passado de 89.234 para 100.211 açorianos. São os homens os principais consumidores ao terem apresentado, em 2004. No universo dos consumidores de álcool, 70% (92.232) eram homens e 30% (39 528) eram mulheres. Cinco anos depois, em 2009, de um universo de 136.342 consumidores regulares de álcool, 79.896 (58,6%) eram homens e 41,1% (56.446) eram mulheres.
Mulheres bebem cada vez mais
Neste período, o número de mulheres que consomem regularmente álcool nos Açores aumentou 11,4% caminhando para a paridade com os homens. Quando se procura saber a motivação dos consumidores de álcool nos Açores, verifica-se que as representações e os mitos continuam bem presentes. Em 2004, 45,5% dos consumidores de álcool diziam fazê-lo para sentir prazer enquanto, em 2009, o consumo por prazer chegou a 49,3%, registando-se um aumento da busca do prazer. Em 2009 a ilha que consumia mais álcool era Santa Maria (64% dos residentes), seguindo-se Pico e São Miguel onde 57% dos naturais bebem regulamente bebidas alcoólicas. Vem, depois, o Corvo com 56%; Flores com 53%; São Jorge com 51% e a Graciosa com 50%. No Faial o consumo de bebidas alcoólicas é feito regularmente por 49% dos residentes e, na Terceira, atinge os 45% da população. O concelho dos Açores onde existiam em 2009 mais consumidores regulares de álcool era a Povoação (70,8% da população), seguindo-se a Ribeira Grande com 70,1% e Vila do Porto com 64%. Dos dez concelhos da Região onde mais se consome álcool fazem ainda parte as Lajes do Pico (63% da população); Velas de São Jorge (61,8%); Ponta Delgada (56,9%); Corvo (56%); Santa Cruz das Flores (55,3%); Lajes das Flores (51%); e Vila Franca do Campo (50,7%). Dos concelhos de São Miguel, o consumo regular de álcool atinge 45,3% da população da Lagoa e 40,2% da população de Nordeste
”. Leia o texto na íntegra,
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