segunda-feira, junho 28, 2010

Micro, Pequenas e Médias Empresas em Portugal

"Em 2008, existiam 349 756 micro, pequenas e médias empresas (PME) em Portugal, representando 99,7% das sociedades do sector não financeiro. As microempresas predominavam, constituindo cerca de 86% do total de PME. O emprego nas sociedades do sector não financeiro foi maioritariamente assegurado pelas PME (72,5%), as quais foram ainda responsáveis por 57,9% do volume de negócios e por 59,8% do VABcf gerados em 2008. O INE divulga os principais resultados sobre as PME em Portugal de acordo com a definição de micro, pequenas e médias empresas constante da Recomendação da Comissão Europeia. Os resultados apresentados permitem caracterizar a estrutura e evolução do sector empresarial português, com particular enfoque nas PME e no seu contributo para o emprego e geração da riqueza nacionais. O âmbito deste estudo recai sobre as PME não financeiras, sedeadas em Portugal, constituídas sob a forma jurídica de sociedade. A exclusão das empresas individuais decorre do facto destas serem quase exclusivamente microempresas (99,9%), o que por si só as caracteriza.

DEFINIÇÃO DE MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

“A categoria das micro, pequenas e médias empresas (PME) é constituída por empresas que empregam menos de 250 pessoas e cujo volume de negócios anual não excede 50 milhões de euros ou cujo balanço total anual não excede 43 milhões de euros.”

Quase 100 mil PME concentradas no Comércio
O sector do Comércio concentrou o maior número de PME com 99 486 unidades, gerando a maior parcela do volume de negócios equivalente a cerca de 83 864 milhões de euros (41,6% da facturação total realizada pelas PME). Por outro lado, o sector das Indústrias transformadoras foi o que mais contribuiu para o emprego com 565 115 pessoas ao serviço, tendo ainda realizado o maior montante de VABcf correspondente a 11 174 milhões de euros. Foi notória a forte predominância das PME no tecido empresarial português representando mais de 97% das unidades empresariais em qualquer dos sectores de actividade económica. Destacaram-se as Outras actividades de serviços que, com apenas 2 grandes empresas, conferiram às PME um peso de praticamente 100% no total de sociedades. Neste sector as PME evidenciaram-se também, com um peso de 95,6% no volume de negócios e de 97,1% no número de pessoas ao serviço, neste caso apenas ultrapassado pelos 99% do emprego assegurado pelas PME das Actividades imobiliárias (Secção L). Contrariamente, a Electricidade constituiu o sector onde os contributos das PME foram menos expressivos, tendo representado apenas cerca de 10% da facturação sectorial e não atingindo os os 22% quer do pessoal ao serviço quer do VABcf.
Quase 6 000 PME operavam nas Tecnologias da Informação e Comunicação
No ano de 2008, do total das 349 756 PME existentes no país, 5 977 (1,7%) exerciam actividade nas TIC, as quais representavam 99,3% do total de sociedades ligadas a estas actividades. O desenvolvimento que tem atravessado os sectores emergentes das TIC tem sido um impulso ao crescimento, com reflexos nos principais indicadores económicos das empresas a operar nestas actividades, particularmente das PME. No que toca ao emprego, as PME associadas às TIC empregaram 40 945 trabalhadores, representando um aumento de 6,9% face ao ano de 2007. No total de PME nacionais este crescimento não foi além dos 0,2%. Destaque ainda para o acréscimo de 5,9% do VABcf das PME a operar nas TIC, face ao crescimento de apenas 1,5% observado no total das PME. A dimensão média das PME afectas às TIC foi de 6,9 trabalhadores, muito aquém da média de 612,6 indivíduos verificada nas grandes empresas. No que se refere à eficiência do factor trabalho nas Tecnologias de informação e comunicação, as empresas de maior dimensão apresentaram uma produtividade aparente do trabalho de cerca de 153 mil euros por pessoa ao serviço, bastante superior à das PME que se situou próximo dos 36 mil euros. Ainda assim, este montante superou em quase 14 mil euros, o valor da produtividade aparente do trabalho conseguido pelo conjunto das PME do sector não financeiro.
Norte e Lisboa concentravam quase 2/3 das PME
Em 2008, as regiões Norte e Lisboa concentravam 229 604 PME, correspondentes a 65,6% do total nacional, destacando-se a região Norte no número de pessoas ao serviço: por si só empregou 36,5% dos trabalhadores afectos às PME. Esta situação conferiu às PME da região Norte uma dimensão média de cerca de 7 trabalhadores por empresa, apenas superada pelas dos Açores que empregaram em média 8,3 trabalhadores. Quanto ao peso relativo das PME em cada região, observa-se que as de Lisboa foram as que menos contribuíram para cada um dos indicadores regionais considerados, ficando aquém dos 50% da facturação e VABcf regionais. Contrariamente, as PME do Algarve desempenharam um papel preponderante com contributos de 91,9% e 89,3%, respectivamente no volume de negócios e VABcf realizados na região.
PME da região de Lisboa com a maior produtividade aparente do trabalho
As PME sedeadas em Lisboa suportaram os maiores custos com o pessoal per capita, superiores em 3,4 mil euros aos incorridos pelo total das PME em Portugal (14,5 mil euros). Já no que se refere ao peso dos custos com o pessoal no VABcf, na primeira posição surgiu a região Norte com um rácio de 67,5%. Devido, sobretudo, ao peso detido pelas unidades hospitalares nas Regiões Autónomas e no Algarve, aquele rácio foi superior nas grandes empresas, evidenciando-se esta última região com um peso de 86%, face a 65,1% nas PME. No que se refere à eficiência do factor trabalho, foi também na região de Lisboa que as PME apresentaram os maiores valores para o volume de negócios per capita (112,4 mil euros) e para a produtividade aparente do trabalho (26,9 mil euros por trabalhador), situação que se observou também nas grandes empresas.
72% do financiamento das PME com origem no endividamento
Em 2008, os capitais alheios constituíam a base do financiamento das sociedades, quer nas PME quer nas empresas de grande dimensão. O rácio de endividamento de 0,72 reflectia uma estrutura financeira em que os passivos constituíam mais de 2/3 das origens dos fundos utilizados para o financiamento das actividades. A utilização de recursos próprios, aquém dos 30%, revelava o elevado grau de dependência das sociedades face aos seus credores. As microempresas foram as que registaram os maiores rácios de solvabilidade (0,44) e de autonomia financeira (0,31), superiores aos das grandes empresas, o que poderá ser explicado pelos níveis de endividamento inferiores nas unidades de reduzida dimensão, tipicamente, com maiores dificuldades no acesso ao crédito.
Endividamento das PME constituído maioritariamente por passivos de curto prazo
Mais de metade da estrutura de financiamento das sociedades assentava em capitais permanentes com um reduzido grau de exigibilidade. Ainda assim, face às PME, nas grandes empresas a proporção deste tipo de capitais assumiu um valor superior (0,57 face a 0,54), devido ao maior peso do endividamento de médio e longo prazo nestas empresas de maior dimensão (0,29 face a 0,26). Nas PME os capitais próprios superaram, ainda que ligeiramente, o endividamento de médio e longo prazo, o que poderá indiciar uma relativa independência financeira, característica deste tipo de sociedades, habitualmente com maiores dificuldades de acesso a capitais alheios. Nas PME, a estrutura do endividamento assentou sobretudo em passivos de curto prazo que, em 2008, representavam 56% do total do seu passivo. Nas grandes empresas, os passivos de curto prazo foram em menor proporção, não ultrapassando os 40% do total das dívidas". (fonte: INE)

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