segunda-feira, abril 12, 2010

Opinião: "Revisão não é o tema que mais interessa ao país"

Segundo li aqui, um texto assinado por Marco Leitão Silva, que "no encerramento do XXXIII Congresso do PSD, em Carcavelos, Pedro Passos Coelho anunciou que o partido vai apresentar uma proposta para rever a Constituição. Para a politóloga Conceição Pequito, a escolha do tema poderia ter sido melhor: ‘não me parece que seja o tema que mais interesse aos portugueses’.Perante os delegados ao Congresso, e num discurso de quase uma hora, o novo líder do PSD defendeu que tal revisão constitucional deve acontecer ‘depressa’, ainda antes das eleições presidenciais agendadas para o início do próximo ano. A escolha de tal tema não foi, aos olhos da politóloga Conceição Pequito, a escolha que mais agradaria ao cidadão comum: ‘aquilo que mais interessa aos portugueses e aquilo que será importante nos meses que se seguem serão as posições da nova liderança quanto às medidas do Programa de Estabilidade e Crescimento’. Neste momento, ‘as questões que verdadeiramente interessam aos portugueses e a Portugal têm que ver com questões de governação e não tanto com reformas ou revisões da Constituição, cujos efeitos são sentidos a longo prazo’, disse Conceição Pequito ao SAPO. Para a politóloga, mais importante na agenda do cidadão comum seria mesmo discutir ‘o que tem que ver com emprego e desemprego.
Como marcar a diferença
Para Conceição Pequito, só nesses domínios é que Passos Coelho se conseguirá distinguir dos socialistas: ‘é aí sobretudo, nas posições que o PSD adoptar no que diz respeito ao PEC, que nós iremos perceber finalmente qual é a alternativa desta nova oposição, ou seja, que alternativas políticas existem, por parte desta nova liderança, à política do PS e do Engenheiro José Sócrates’. E quanto mais cedo o novo líder do PSD centrar o seu discurso nesse tipo de questões, maior apoio conquistará, defende: ‘esse é o grande desafio dos próximos tempos e quem conseguir ter aqui uma estratégia política alternativa, vai ganhar pontos junto da sociedade e vai conseguir que o seu capital de confiança junto do eleitorado vá muito para além do eleitorado do partido’.
Congresso com 'pouca política'
Em jeito de balanço do XXXIII Congresso do PSD, Conceição Pequito dizia esta manhã que a nota dominante dos três dias do conclave social-democrata terá sido mesmo o apelo à ‘unidade’. ‘Veja-se o lema do congresso: «Unidos para mudar Portugal». Mais do que mudar Portugal, o que tem estado em causa é a pré-condição para que o PSD possa ambicionar mudar Portugal, ou seja, chegar ao poder para mudar Portugal. E essa a questão é a da coesão e da unidade interna’, defende Conceição Pequito. A política parece ter até ficado para segundo plano, admite a politóloga: ‘Acho que neste Congresso houve muito pouca política. Até à data, não foi um congresso, nem para dentro, nem para fora. Neste Congresso, tentou-se sobretudo fazer uma coisa que envolve pouca política e que envolve bem mais jogos de bastidores e a preocupação de passar uma imagem para fora, mas do que para dentro, de unidade e coesão interna".
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