segunda-feira, novembro 09, 2009

Opinião: "Prepare-se para um choque: há bancos que nunca lucraram tanto"

"Sente-se primeiro. Esfregue bem os olhos. Agora leia: a banca de investimento está a ter os melhores lucros de sempre. Já se beliscou? Sim, não é um sonho. Mas pode ser o princípio de um pesadelo. É difícil acreditar, mas vários dos maiores bancos de investimento do mundo estão a anunciar resultados recorde e já garantiram que 2009 vai mesmo ser o melhor ano de sempre. JP Morgan, Goldman Sachs e o japonês Nomura, que comprou despojos do desmantelado Lehman e já assoma ao pódio da indústria. Afinal a falência do Lehman não foi apenas um erro político: hoje prosperaria. Várias razões explicam este desempenho, começando pela subida da Bolsa desde Março, que valorizou carteiras e disparou transacções e comissões daqueles que as intermedeiam. Mais: esta crise foi resolvida com dívida dos Estados, que foi colocada e aconselhada... pela banca de investimento. E são agora menos os actores para dividir o quinhão. A mesma banca tratará dos refinanciamentos e das colocações privadas, que já se reproduzem. Sobretudo: enquanto as taxas directoras a que os bancos centrais financiaram os bancos desceram para níveis recorde, os "spreads" que estes bancos cobram aos clientes dispararam. A diferença entre uma coisa e a outra foi lucro e tem servido de mata-borrão para absorver o lixo tóxico que cirandava nos balanços. É o terceiro choque que recebemos da banca de investimento em três anos: há dois anos conhecêmo-lhes as malvadezes da inovação financeira; há um ano vimo-los falir; este ano surpreendem-nos com os seus lucros. Não se lhes deseja outra sorte, mas as promessas de que a banca de investimento ia mudar para sempre eram dramas da mesma novela em que se aniquilam os "offshores". Dois anos depois, mudou mesmo algo? Há uma semana, o Reino Unido injectava mais 35 mil milhões de euros no Royal Bank of Scotland e no Lloyds, o que prova duas coisas: que o problema está longe de estar sanado e que os contribuintes continuarão a tentar saná-lo. A banca continua cheia de problemas por digerir e a banca comercial está, em muitos países (incluindo Portugal), com enormes dificuldades de capitalização. Mas a banca de investimento, que arrastou o mundo para uma crise apocalíptica; que explicou que era grande de mais para falir, o que era verdade; que obrigou os contribuintes americanos, japoneses, europeus a endividarem os seus próprios filhos; essa banca continua no seu "halloween" de "doce ou travessura". Ou recebe dinheiro ou rebenta com as economias. Na prática, foram atirados pela janela do avião alguns dos chefes para aplacar a ira, mas levando pára-quedas dourados. As limitações aos salários dos banqueiros continuam em discussão, os regimes de bónus já estão a mudar. Mudaram depressa e pouco: o longo prazo passou a prevalecer sobre o curto prazo, o incentivo à tomada de risco foi diluído. Mas o ovo da serpente já lá está. Quando, depois de um ano extraordinário como será 2009, os accionistas começarem a exigir em 2010 subidas homólogas aos gestores destes bancos de investimento, o que vai acontecer? Mais risco, mais curto prazo, mais incentivos, prémios e bónus que recomeçam o pesadelo. Nós sabemos como esta história acaba. Mesmo assim, estamos a iniciá-la outra vez" (por Pedro Santos Guerreiro, do Jornal de Negócios)
O meu comentário: como é bom este paraíso socialista! E o autor deste artigo, esse sim, sabe mais do que certos..."especialistas" de pacotilha que por aí andam... E que eu saiba o Pedro Guerreiro nunca foi apontado para..."secretário de estado"!

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