O principal desespero de Marcelo Rebelo de Sousa, segundo apurei ontem, parece estar relacionado, não com a sua disposição de aceitar o desafio de concorrer à liderança, mas com a ausência de uma estrutura de apoio devidamente montada e a funcionar, em seu apoio, associada a contactos no terreno que possam propiciar uma ideia mais concreta do "estado de espírito" do partido e particularmente das bases. Esta parece ser, segundo alguns defensores da sua candidatura, um dos principais óbices que neste momento se colocam a MRS que recusa igualmente dar a ideia aio partido de que se vai envolver na disputa pela liderança "atropelando" Manuela Ferreira Leite de cuja candidatura ele foi um dos principais defensores. MRS teme ainda, segundo apurei, que alguns elementos do actual grupo parlamentar, com os quais não se identificam, possam boicotar a sua candidatura e, em última instância, a sua eleição, deixando-o sem qualquer possibilidade de neutralizar essas "oposições ressabiadas". Em última instância, dizem-me, existiria sempre uma ou duas soluções que por enquanto ficam resguardadas, mas que garantiriam um relacionamento estável e totalmente identificado com as opções estratégicas e políticas de MRS. Conta-me que no próximo fim-de-semana alguns apoiantes de Marcelo poderão avançar com uma reunião de trabalho, que pretendem seja mantida reservada, visando a criação de estruturas concretas de apoio à candidatura do comentador da RTP e com quem passarão a manter encontros diários, terminando com uma ideia de "amadorismo" e de "desorganização" que parece existir presentemente. A ideia, disseram-me, é funcionar ao contrário: "em vez de esperar pela decisão de MRS, procuraremos criar condições e dar garantias de que ele está apoiado e pode avançar".
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