segunda-feira, setembro 29, 2008

Notícias da crise mundial que já chegou à Europa

- Crescimento nominal revisto em baixa - O Governo reviu em baixa a previsão de crescimento nominal da economia para este ano, de cinco por cento, estimados em Março, para quatro por cento. A revisão em baixa do crescimento reflecte a degradação das previsões de crescimento real da economia, que em Maio foi revisto para 1,5 por cento, contra os 2,2 por cento esperados em Março. Entretanto, o Executivo manteve a meta do défice em 2,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o Procedimento dos Défices Excessivos que o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou esta segunda-feira, a administração central regista um saldo negativo igual a 2,9 por cento, enquanto as administrações regional e local apresentam um saldo nulo e a Segurança Social consegue um excedente igual a 0,7 por cento (aqui);

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- Banco alemão salvo por consórcio bancário - O banco alemão Hypo Real Estate (HRE), que corre o risco de falência, conseguiu crédito suficiente para manter a actividade através de um consórcio de bancos alemães, anunciou esta segunda-feira a instituição em comunicado. "Um consórcio do sector financeiro alemão colocou à disposição" do banco "uma facilidade de crédito a curto e médio prazo suficiente" para salvar a instituição, refere a mesma nota. Os bancos privados alemães tentavam há alguns dias chegar a uma solução para salvar a instituição bancária, afectada pela crise dos créditos hipotecários de risco nos Estados Unidos (subprime), segundo avança o o diário Financial Times Deutschland (FTD), na sua edição de hoje (aqui);
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- BCE injecta 120 mil milhões - O Banco Central Europeu (BCE) voltou esta segunda-feira a injectar mais dinheiro no mercado monetário da Zona Euro, colocando 120 mil milhões de euros à disposição das instituições financeiras. O BCE procura melhorar o acesso dos bancos à liquidez no mercado monetário. Na sequência da crise do sistema bancário americano, os bancos deixaram praticamente de emprestar dinheiro entre si, arriscando-se a uma penúria do crédito (aqui);
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- Governo britânico nacionaliza banco - O governo britânico vai nacionalizar o banco Bradford & Bingley (B&B), enquanto os melhores activos da instituição foram vendidos ao banco espanhol Santander, anunciou esta segunda-feira o Ministério britânico das Finanças, que veio desta forma confirmar uma acção já aguardada, na sequência das dificuldades que a entidade atravessava, face à crise financeira nos mercados internacionais. As operações de maior risco do B&B, o oitavo banco do Reino Unido, serão assumidas pelo Tesouro britânico, de acordo com um comunicado oficial. Antes deste anúncio oficial, o banco espanhol Santader já havia anunciado a aquisição dos depósitos e da rede de sucursais do Bradford & Bingley (aqui);
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- Euribor atinge novos máximos - As taxas de juro de mercado na Zona Euro voltaram a atingir novos valores máximos, esta segunda-feira, apesar das injecções extraordinárias de liquidez do Banco Central Europeu (BCE) no mercado monetário. A Euribor a seis meses subiu para os 5,315%, o valor mais elevado de sempre, acima dos 5,29% a que transaccionava na sexta-feira. A Euribor a três meses também marcou um novo recorde, nos 5,237%, enquanto a Euribor a 12 meses subiu para os 5,477%, segundo dados divulgados pela Federação de Bancos Europeus (aqui);
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- Bancos à beira do colapso provocam pânico nas bolsas - O chumbo do Plano Paulson nos Estados Unidos agravou o desespero nos mercados depois da chegada em força da crise à banca europeia. Em Portugal, confirma-se a travagem na economia, escreve o jornalista Pedro Romano do DE. Contra todas as expectativas, o plano anti-crise americano não passou no Congresso. Apesar de as negociações entre democratas e republicanos, que se arrastaram durante mais de uma semana, terem servido para alterar substancialmente o plano inicial, introduzindo mais mecanismos de controlo, o Congresso americano acabou mesmo por chumbar a compra de activos “tóxicos” por parte do Estado, naquela que seria a maior intervenção nos mercados desde a Grande Depressão de 1929. A reacção dos mercados foi rápida. O S&P 500 afundou 8,78%, naquela que foi a maior queda desde Outubro de 1987. O Dow Jones caiu 6,98% e o Nasdaq afundou 9,14%. O pessimismo alastrou-se também para fora dos Estados Unidos e, no Brasil, a queda de 10% obrigou mesmo à interrupção da negociação.O impacto nos mercados bolsistas foi especialmente visível porque desde a semana passada que os investidores negociavam antecipando a aprovação do plano. As expectativas incorporavam o “efeito 700 mil milhões”, o que ajudou as bolsas a ganharem algum ânimo – um ânimo que agora voltou a desaparecer. Mas não foi apenas aos investidores que o resultado final da votação do plano – 228 votos contra e 205 votos a favor – espantou. Os principais responsáveis políticos aguardavam já a aprovação, conforme o Presidente George Bush havia garantido. A quase-certeza foi empolada pelas declarações de republicanos e democratas, que, ao longo da semana, deram a entender que os dois lados convergiam na necessidade de apoiar a titubeante economia americana (aqui);
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- Mais de 50 fundos portugueses estão expostos às falências - Fundos nacionais têm mais de 87 milhões investidos nos bancos que podem ser as próximas vítimas da crise, escrevem as jornalistas do DE, Bárbara Barroso e Sandra Almeida Simões. A falência da Lehman Brothers, no inicio deste mês abalou todo o sistema financeiro. A dúvida é: quem será a próxima vítima? Fortis, Dexia, Bradford, Bonusbanker, Wachovia, Hypo Real Estate ou Glintnir Bank? Estes são os mais recentes nomes de instituições financeiras afectadas pela ‘tsunami’ de Wall Street. Depois dos colapsos nos Estados Unidos, a crise atravessou o Atlântico e já começou a fazer vítimas na Europa e a indústria de fundos não vai sair ilesa.Em Portugal, existem, pelo menos, 55 fundos expostos a estas entidades financeiras, quer através de acções, quer de obrigações.De acordo com a análise do Diário Económico ao ‘site’ da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), estes fundos têm uma exposição a superior a 87,2 milhões de euros. Desde fundos de acções, mistos, tesouraria, fundos especiais de investimento, passando por fundos garantidos, a lista encontrada é extensa e a exposição significativa.O fundo com maior exposição é o Millennium Disponível (fundo de investimento de tesouraria), com cerca de 15,8 milhões de euros de dívida do Wachovia em carteira. O ‘portfolio’ deste fundo harmonizado tem 1,46% investido em títulos de dívida pública, 0,03% em outros fundos públicos, 92,24% em obrigações, cerca de 5,93% em outros instrumentos de dívida e 1,2% em liquidez. Das sociedades gestoras com fundos expostos aos bancos em dificuldades, o Santander Asset Management lidera o ‘ranking’ das instituições, quer em número de fundos, quer em montante. O fundo de investimento mobiliário aberto de obrigações de taxa variável Santander multiobrigações tem uma exposição de 11,5 mil milhões de euros ao Fortis. No total são 11 fundos de investimento que, entre acções e dívida, totalizam uma exposição de aproximadamente 26 milhões de euros. Segue-se o BPI com um total de 8 fundos, o correspondente a 5,5 milhões de euros. O terceiro lugar da lista é ocupado pelo Millennium, com 6 fundos, com uma exposição de 19,3 milhões de euros" (aqui);
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- Islândia nacionaliza banco em dificuldades - O governo Islandês anunciou hoje que vai comprar 75% do capital do Glitnir Bank, por 600 milhões de euros (859 milhões de dólares), devido às dificuldades que o banco enfrenta com a crise no mercado financeiro mundial. "Através da intermediação do Banco Central da Islândia, o governo concederá ao Glitnir Bank uma infusão de capital no valor de 600 milhões de euros em troca de 75% das acções do banco", segundo um comunicado do governo, citado pela AFP.

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