sábado, setembro 27, 2008

Angola: Isabel Santos na maior (II)

Li aqui que o Publico "escreve que os adjectivos são sempre positivos. Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, é “uma boa empresária”, “extremamente dinâmica e inteligente”, “profissional” e, apesar de ser uma “dura negociante”, é “correcta”, além de “afável”, “simpática” e “bonita”. A esta caracterização da empresária de 34 anos, primogénita de José Eduardo dos Santos, feita por diversas pessoas que com ela convivem e negoceiam, junta-se outra componente: discrição, ao nível pessoal e empresarial. No entanto, tal não a impede de ser uma figura incontornável em Angola, ao mesmo tempo que expande os seus investimentos no território português.
Depois do Grupo Espírito Santo, PT e Américo Amorim, o próximo português a associar-se a Isabel dos Santos será Pedro Sampaio Nunes, no projecto de construção de uma biorefinaria em Sines. Este engenheiro fundou a Green Cyber, juntamente com o seu sócio Vítor Sousa Uva, ficando os dois com 30%. E, segundo afirmou o empresário, uma empresa onde Isabel dos Santos é sócia, ao lado do marido, Sindica Dokolo, ficará com 35%. Os restantes 35% ficarão com uma terceira entidade, ligada à área industrial, que deverá ficar escolhida a curto prazo. Depois, os accionistas terão de aplicar cerca de 80 milhões de euros no projecto, ainda com contrato de investimento por assinar. Segundo Sampaio Nunes, que nasceu em Angola e trabalhou como consultor para a área energética, os dois encontraram-se por intermédio de conhecidos em comum ligados à petrolífera estatal angolana Sonangol. A partir do primeiro contacto, e depois de verificarem que havia “um interesse e visão convergente” face ao advento dos biocombustíveis e importância da matéria-prima, o empresário português passou a lidar com os intermediários da empresária. “A engenheira Isabel dos Santos está muito bem assessorada”, sublinha. Sampaio Nunes, que começou a trabalhar no projecto da biorefinaria em 2005, já garantira o aluguer e concessão de terrenos em Angola, mas a parceria com a filha de Eduardo dos Santos traz “novas possibilidades”. Por outro lado, espera ter acesso a terrenos na República Democrática do Congo (RDG), país de origem de Sindica Dokolo. Tal como Isabel dos Santos em Angola, Sindika Dokolo, filho de um milionário cuja riqueza nasceu envolta em suspeitas, surge como figura que representa os interesses de negócios congoleses. Isabel dos Santos também traz algum conhecimento do sector, já que o seu nome está associado ao projecto agrícola Terra Verde, uma parceria entre israelitas e angolanos. Criado em 2002, e gerido por especialistas israelitas, produz frutas e vegetais, abastecendo os principais retalhistas e restaurantes de Luanda, além dos refeitórios das empresas diamantíferas e petrolíferas. Isabel dos Santos está também presente na Sagripek, sociedade de agro-pecuária partilhada com entidades como o Banco Africano de Investimentos (BAI) e os irmãos Faceira (parceiros da Escom e próximos de Eduardo dos Santos). Tal como em outros casos, Isabel dos Santos, que raramente se deixa fotografar pela comunicação social, surge associada a vários investidores, e sempre indirectamente. No caso da Terra Verde, entre os seus parceiros estará o russo Gaydamak. Em 2004, em declarações à BBC, Gaydamak, acusado de traficar armas para Angola, dizia, referindo-se à Terra Verde, que pretendia satisfazer “todas as necessidades de Angola”.

Recolher dividendos
Isabel dos Santos começou a despontar no seu país de origem em meados dos anos 90, após o regresso de Londres, onde vivia com mãe, Tatiana Kukanova, e onde se licenciou em engenharia electrotécnica. Detentora de conhecimentos em gestão de empresas, depressa começou a vingar no mundo dos negócios, dominado pela “nomenklatura” do partido do poder, o MPLA. O primeiro projecto que lhe é atribuído surgiu através da Urbana 2000, entidade a quem foi adjudicada de forma expedita a recolha do lixo na zona de Luanda. Esta actividade era conduzida pela estatal Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (Elisal), mas a eficácia era reduzida e em 1997 a Urbana 2000 passou a gerir a Elisal e o negócio. Por esta altura entra também no negócio dos diamantes, a segunda maior fonte de receitas depois do petróleo. Também aqui os dados não são totalmente claros, mas uma análise de 2004 da “Partenariat Áfrique Canada” referia a possibilidade da empresária estar ligada à Tais, uma empresa suíça accionista da Ascorp, que comprava os diamantes dos “garimpeiros”, não licenciados.A “Antwerp Facet News Service”, organização dos representantes dos diamantes da Bélgica, esclarece que a Angola Diamond Corporation (ADC) “detida pelo empresário Noé Baltazar e Isabel dos Santos”, está a desenvolver uma das maiores produções destas pedras preciosas no Camutué. Inicialmente, a concessão do Camutué estava adjudicada à Sociedade Mineira do Lucapa, uma “joint venture” da estatal portuguesa SPE com a Endiama. Em 1997 a SPE ficou sem esta área, que transitou para a ADC. Christian Dietrich, analista ligado ao sector, escreveu num estudo sobre a indústria de diamantes que o mais provável seria a ADC, por falta de capital, associar-se a um consórcio que garantisse a exploração,logo, o investimento, ficando com parte dos lucros. Esta é, aliás, uma modalidade corrente. No caso do Camatué o investidor escolhido foi a Namakwa Diamonds, do empresário sul-africano John Firth. Além de Noé Baltazar, ex-responsável da Endiama, outro parceiro da filha do presidente angolano é o multi-milionário russo/israelita Lev Leviev, sócio da mina do Catoca, a maior deste país, (via Daumonty) e da única unidade de lapidação de diamantes de Angola. Diversos relatos dão ainda conta do cruzamento da empresária com Noé Baltazar e Lev Leviev no capital da Sodiam, a entidade controlada pela Endiama para vender os diamantes no estrangeiro". E
que tal se deixarem a pequena trabalhar, inclusivamente na Madeira onde aos poucos começa a dar nas vistas?

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