segunda-feira, janeiro 01, 2024

Sondagem: Pedro Nuno Santos favorito (51%) para primeiro-ministro

Maioria prevê que o socialista tem mais hipóteses de chefiar próximo Governo. Também dizem que é mais competente (38%). Mas Luís Montenegro é mais honesto (30%). Pedro Nuno Santos bate Luís Montenegro num frente a frente em que os portugueses foram chamados a dar a sua opinião sobre os atributos pessoais dos dois principais candidatos a primeiro-ministro. É o mais competente, solidário e influente. Mas o líder social-democrata é mais honesto. Feito o balanço, é à esquerda que estará o melhor chefe de Governo, ainda que a margem seja escassa, de acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF. A vantagem é bem maior quando se pergunta qual terá mais hipóteses de lá chegar: 51% apontam para o líder socialista.

Quando faltam pouco mais de dois meses para as eleições legislativas e, a julgar pelos resultados deste primeiro frente a frente entre os dois principais candidatos à liderança do Governo, é o secretário-geral do PS quem parte em vantagem para a campanha. Em particular quando se tenta avaliar a dinâmica de vitória, ou seja, quem é que os portugueses entendem que tem maior hipótese de chegar a primeiro-ministro: Pedro Nuno Santos tem uma vantagem de 22 pontos sobre Luís Montenegro. O socialista vence em todos os segmentos sociodemográficos da amostra (regiões, género, idade e classe social) e em quase todos os segmentos de voto partidário. A exceção são os que votam no PAN e no PSD, que apontam o líder social-democrata como favorito. Mas, há sinais preocupantes para Montenegro, mesmo entre os seus potenciais eleitores: 29% apostam que será Pedro Nuno Santos a suceder a António Costa.

Montenegro melhora

O favoritismo do socialista não se restringe, no entanto, a uma questão de pressentimento. Quando se pede aos portugueses que, perante uma série de atributos pessoais, escolham entre um e outro, também é quase sempre Pedro Nuno Santos que leva vantagem. Mesmo que Luís Montenegro esteja agora um pouco melhor do que em julho passado, quando se fez um exercício semelhante, então com António Costa como adversário.

Uma boa notícia para o líder do PSD é o facto de ser considerado mais honesto do que socialista (que paga a fatura de ter dito que não sabia da indemnização da TAP, para depois reconhecer que a tinha autorizado por mensagem de WhatsApp). Montenegro vence, mas é importante acrescentar que este é o atributo que os portugueses mais resistem a associar a um político: 45% recusa responder. Acresce que o trabalho de campo da sondagem decorreu na semana anterior ao Natal, ou seja, quando não era conhecida a investigação do Ministério Público sobre a casa de Montenegro (ver página 8).

Influência socialista

Num outro atributo que se presume que os portugueses valorizem num futuro primeiro-ministro, é Pedro Nuno Santos quem lidera: 38% dizem que é ele o mais competente (32% escolhem Luís Montenegro). A distância que separa o socialista e o social-democrata cresce dois pontos (para oito), com vantagem para o primeiro, quando está em causa a solidariedade. Quando se pergunta sobre a influência política de um e de outro, o líder do PS (52%) duplica o resultado do líder do PSD (26%). Este último resultado era expectável, tendo em conta a sua preponderância no Governo ao longo dos últimos oito anos.

Na análise mais fina aos segmentos da amostra, percebe-se que os mais sólidos "adeptos" de Pedro Nuno Santos são os portugueses com 65 ou mais anos. É sempre entre esta faixa etária que é maior a diferença nestes três atributos. Mas tem também um apoio consistente entre quem vive na Área Metropolitana de Lisboa e na Região Sul e entre a classe média baixa. No caso de Luís Montenegro, destacam-se os que vivem na Área Metropolitana do Porto e, num degrau abaixo, os que têm entre 35 e 49 anos e os que integram a classe média.

Vantagem mínima

Quando as perguntas apontam especificamente para a possibilidade de um deles vir a ser primeiro-ministro, o líder socialista mantém a vantagem, ainda que o social-democrata encurte distâncias. São apenas quatro pontos, quando o que está em causa é a confiança para exercer o cargo (em outubro, a última vez em esta questão se colocou, entre Costa e Montenegro, a diferença era de 14 pontos, com vantagem para o ainda primeiro-ministro). Finalmente, quando se pergunta quem daria um melhor chefe de Governo, Pedro Nuno Santos leva três pontos de vantagem sobre Luís Montenegro. São de novo os mais velhos, os residentes a Sul e em Lisboa e a classe média baixa quem se destaca nas expectativas pelo socialista. No caso do social-democrata, são os que residem no Porto, Norte e Centro, os que têm 35 a 49 anos e os da classe média-alta.

Não interessa quem ganha, mas quem consegue maioria

Costa quebrou a tradição em 2015 e os portugueses adotam essa solução, seja à esquerda, seja à direita. Foi em 2015 que António Costa quebrou uma lei não escrita e, mesmo sem ter vencido as eleições (a coligação PSD/CDS obteve 37% e o PS 32%), formou Governo, tirando partido da lei, essa sim escrita, que define que é preciso uma maioria parlamentar para formar Governo. Foi isso que fez quando construiu a "geringonça", com o BE e o PCP. Já se percebeu que Pedro Nuno Santos (PS) fará o mesmo se a ocasião se apresentar. E que Luís Montenegro (PSD) prefere recuperar a tradição, recusando assumir a chefia do Governo, se perder as eleições, mesmo que exista uma maioria parlamentar à direita. E o que preferem os portugueses, se a 10 de março os resultados apontarem para esse cenário, seja à esquerda, seja à direita?

De acordo com os resultados da sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF, a visão puramente parlamentarista concretizada por António Costa é a que vale. Não interessa tanto quem vence, o que conta é se alguém, incluindo o perdedor, consegue reunir uma maioria parlamentar e dessa forma aprovar o programa de Governo e seguir adiante. Quando o que está em causa é a hipótese de o PSD, mesmo perdendo, conseguir uma maioria parlamentar com outro ou outros partidos e formar Governo, 49% concordam e apenas 20% discordam. Se a pergunta for para um PS perdedor, mas com capacidade para formar maioria no Parlamento, o entusiasmo é um pouco menor, mas ainda assim convincente: 46% concordam e 23% discordam.

FICHA TÉCNICA

Sondagem de opinião realizada pela Aximage para DN/JN/TSF. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 805 entrevistas efetivas: 688 entrevistas online e 117 entrevistas telefónicas; 390 homens e 415 mulheres; 174 entre os 18 e os 34 anos, 209 entre os 35 e os 49 anos, 230 entre os 50 e os 64 anos e 192 para os 65 e mais anos; Norte 277, Centro 175, Sul e Ilhas 122, A. M. Lisboa 231. Técnica: aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para pessoas com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 18 e 23 de dezembro de 2023. Taxa de resposta: 72,22%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio (DN-Lisboa, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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