quarta-feira, abril 24, 2019

Bancos avançaram judicialmente contra Berardo no sábado de Aleluia. Pedem €962 milhões

O processo conjunto da CGD, Novo Banco e BCP contra o empresário Joe Berardo já entrou na justiça. As instituições financeiras têm dívidas que justificam a ação de 962.162.180,21 euros. Além do comendador, são visadas três empresas a si ligadas
A Caixa Geral de Depósitos, o Banco Comercial Português e o Novo Banco já entraram com o processo de execução contra Joe Berardo. O valor da ação é de 962 milhões de euros.
Da promessa à ação: deu entrada no passado sábado, 20 de abril, no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, o processo de execução liderado pelos três bancos credores de Joe Berardo. Já se sabia que era intenção dos três bancos avançarem em conjunto, como noticiou o Correio da Manhã no início do mês, e foi no sábado Aleluia, antes do domingo de Páscoa, que a ação deu entrada na justiça.
São quatro os visados na ação de execução, segundo os dados que constam no portal Citius: o comendador José Berardo e suas empresas, a Metalgest, a Fundação José Berardo e ainda a Moagens Associadas. Com o processo de execução, os bancos querem que sejam promovidas diligências para a cobrança coerciva dos créditos concedidos. A todas estas empresas e ao próprio empresário, os bancos avançam com um valor calculado ao cêntimo: 962.162.180,21 euros.
A execução avança depois de falhadas todas as negociações para a recuperação dos créditos entre as instituições financeiras e o empresário. Tendo em conta a dimensão da dívida, Berardo é um dos grandes responsáveis pelos buracos abertos na banca.

Coleção de arte é grande objetivo
O processo que visa o empresário da Madeira é considerado difícil por vários dos envolvidos devido à complexidade das garantias associadas ao crédito: unidades da Associação Coleção Berardo, através da qual as entidades pretendem aceder à coleção de arte que, em 2007, estava avaliada em 316 milhões de euros.
Esta coleção é alvo de um acordo de comodato com o Estado até 2022, sendo que até esse ano, Berardo está impedido de vender as obras – pese embora tenha tentado proceder à alienação de um conjunto de 16 quadros no ano passado. Aliás, até aqui, e como noticiou o Correio da Manhã, diretamente em nome de Berardo só estará uma garagem localizada na Madeira. É preciso, portanto, um caminho para conseguir executar tudo o resto para a recuperação de toda a dívida.
Na segunda comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos, Joe Berardo tem sido referido como um cliente com tratamento especial por parte do banco público aquando da concessão dos créditos. Grande parte da dívida aos bancos advém dos financiamentos concedidos para a compra de ações do BCP (antes da guerra de poder que teve lugar em 2007) e em que as garantias associadas eram, precisamente, ações do banco privado que, desde aí, desvalorizaram em força.
Já há dois processos contra Berardo
Esta ação é um processo conjunto, mas já houve uma execução de um banco individual. A CGD já tinha colocado uma ação contra a Metalgest. Neste caso, o banco já tinha procedido a uma execução judicial contra a Metalgest, no valor de 56 milhões de euros, em novembro de 2017. Como o Expresso já noticiou, também há uma outra ação contra Berardo, mas esta colocada pelo BBVA já há 15 anos. E, neste caso, o banco de capitais espanhóis tenta ser ressarcido em 3 milhões de euros, por uma comissão que se deve a um negócio que data do início do século. Em resposta, o colecionador de arte também tem um processo contra o banco e contra seus atuais e antigos administradores (Expresso)

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